Senhor, Senhor

Amar o que Deus faz

Participante: nos processos encarnatórios, a nossa expectativa não seria da gente evoluir até ficarmos livres desse ciclo encarnatório num grau de evolução superior?

Sim. Deveria ser isso. Você deveria encarnar com a expectativa se aprimorar até um dia sair da roda de encarnação.

Participante: e no sentido oposto? Nesse processo de criação contínua, não haveria a possibilidade de criação de novos espíritos que entrariam nesse novo ciclo?

Sim, haveria.

Só que O Livro dos Espíritos é claro: o universo se forma por afinidade. Então, todos que estão encarnados em um mesmo cenário, no mesmo planeta, tem uma afinidade, ou seja, estão no mesmo nível. Por isso não seres novos. Esses ainda estão encarnado em outro mundo para depois chegar a esse.

Participante: mas é que aí, no caso, seria como novos espíritos.

Não. A criação não para.

Em um estudo que fizemos, Avadhut Gita, é dito o seguinte: Deus dá o desejo de evoluir. A partir disso comento o seguinte: você deveria querer evoluir para abrir espaço para outro venha a encarnar no seu mundo. Só que vocês não se motivam por isso. Querem evoluir como benefício próprio, para ganhar.

Viu a diferença? Vocês não fazem o trabalho como serviço ao próximo, mas para obter vitória individual.

Participante: caridade.

Exatamente.

Acho que agora podemos conversar sobre o amar a Deus. Você sabe o que é amar a Deus sob todas as coisas? Sabe o que é amar o próximo como a si mesmo?

Compreender essas questões é fundamental na reforma necessária para que Cristo fale por nós. Por isso, vamos conversar sobre estes pontos agora.

Para vocês, o que é amar a Deus sob todas as coisas?

Participante: Não julgar?

Que mais?

Participante: ser instrumento na mão de Deus.

Que mais?

Participante: amar a vida e contribuir para a harmonia dela.

Que vida que você fala? A humana?

Participante: Sim, mas vendo a vida tendo Deus como algo maior.

Sobre a questão de ver Deus como algo maior, deixa só falar uma coisa. Analisando o ensinamento amar a Deus sob todas as coisas sem paixão, veremos que ele é um ato de prepotência. Alguém exige que o você ame a ele acima de tudo. Isso não é prepotência? Só que o ensinamento não traz consigo essa conotação.

Deus não exige que você o ame para que ele seja glorificado. Ele mandou esse ensinamento porque sabe que esse amor é um caminho para a felicidade. Vamos entender esse caminho.

Participante: então, eu não posso ver Deus em todas as coisas?

Pode, você pode ver Deus em todas as coisas, mas para o humano isso é difícil. O humano não vive com Deus; vive com as coisas e diz que elas são Deus, o que é diferente.

Por exemplo, uma pessoa me disse: “se Deus é tudo, meu cachorro é Deus. Então, posso viver com ele como se fosse Deus“. Não. Você não pode viver com o seu cachorro, pois aí estaria vivendo com o animal. Você tem que viver com Deus como se ele fosse cachorro e não com o bicho como se fosse o Senhor.

Compreendeu? Por isso digo que para o ser humano é difícil viver com Deus.

Por isso continuo perguntando: o que é amar a Deus acima de todas as coisas?

Participante: é um entendimento que a pessoa tem que ter de que a vida que a pessoa tem foi criada por Deus, que Ele faz tudo o que ele vê.

Mas, veja, só ter a percepção de que é Deus que guia, de que é Ele que faz não adianta. É preciso amar o que o Pai faz.

Essa é a diferença. Muitos até vivem com a ideia de que Deus faz: “ah se eu não conseguir é porque Deus não quis, mas como eu queria”. Esses, no entanto, não amaram aquilo que Deus fez!

Participante: Está preso ao resultado.

Está preso ao resultado. Esse não ama.

Participante: Mas, na verdade, se você vive aquilo que está sendo proposto por Deus, não vai esperar um resultado específico.

Sim, deveria ser assim. Mas, vocês não amam a Deus sobre todas as coisas. Por isso ainda esperam que Deus faça aquilo que querem.

Não estou falando de você: estou dizendo todos vocês. No mundo humano noventa e nove vírgula nove por cento ainda busca o Pai esperando resultados positivos em suas vidas.

Quem espera resultado não entrega na mão de Deus. Por isso, quando o Pai não faz o que ele quer, sofre. Por exemplo: você quis vim aqui e conseguiu. Só que teve pessoas que quiseram vir e não conseguiram. Se não você não conseguisse chegar aqui, iria dizer: “que droga, eu não consegui ir lá”.

Neste caso, não amou o não estar aqui que Deus fez. Esta é a diferença no amar. Saber que Deus faz é uma coisa; amar o que Ele faz é outra.

Para poder realmente amar ao Senhor é preciso abrir mão de sua intencionalidade. Precisa abrir mão da sua vontade de ganhar, da sua vontade de satisfazer.