Encarnação - Textos

Amar como Deus nos ama

A reforma íntima, então, consiste no espírito mudar o seu interior. Mas, será que o ego humano pode ajudar o ser encarnado a realizá-la? Ou seja, será que o ego humano pode gerar o amor incondicional para levar o espírito a senti-lo? Não.

Existe um padrão de sentir para o ego de provas no planeta Terra e este padrão não contempla a existência do amor universal. A personalidade humana é incapaz de amar universalmente, mas apenas egoisticamente.

Dessa forma posso afirmar que o trabalho da reforma íntima acontecerá sempre. A cada momento da existência o espírito terá que libertar-se das sensações geradas pelo ego e a reforma jamais será alcançada enquanto o espírito apegar-se a elas, por mais sublimes ou boas que pareçam ser as sensações vivenciadas em um momento.

Como já conversamos, o ego gera sensações que chegam ao consciente do espírito e ele tem de reagir não se apegando a elas, não acreditando que elas sejam verdades. Aí está o trabalho da reforma intima.

Mas, porque o padrão humano de sensações não pode dar ao espírito o amor universal como elemento sentimental? Porque o fundamento de tudo que a personalidade humana cria é egoísta. Mesmo o amor pelo próximo que a personalidade humana sente é egoísta, porque não ama indiscriminadamente, mas somente àqueles que quer amar. Ou seja, condiciona o amor a quem ele quer dar e no momento que quer dar.

Esta é uma verdade universal, ou seja, é eterna e serve para todos. Todas as personalidades humanas, por mais que você considere como boa ou sublime, são assim, porque as sensações que os egos criam são padronizadas para o planeta Terra, ou seja, fazem parte da provação de um espírito.

Quem pode deixar de ver uma criancinha que está passando fome e não sofrer? Quem pode ver um ladrão assaltar uma casa sem ficar com raiva do ladrão e ter pena do dono da casa? Quem pode ver uma onda gigante (tsunami) como a que houve nesse planeta há pouco tempo e não sofrer com aquele desencarne coletivo? Quem pode ver o outro dizer que ele está errado, que não sabe de nada ou que não vale nada sem ter raiva deste?

 Ninguém pode. São os padrões, as sensações padrões da personalidade humana à qual o espírito se liga para aquilo que foi convencionado chamar de mundo de provas e expiações.

As sensações padrões do ego para provas no mundo humano são estas e o trabalho da reforma intima consiste-se no espírito libertar-se delas, ou seja, não vivê-las como reais, mesmo que aparentemente elas sejam certas ou boas.

O espírito, ao invés de sofrer com a raiva ou com a dor, deve manter a sua felicidade; ao invés de ter pena dos outros, ter dó do próximo, deve ter a verdadeira compaixão, a consciência de que eles estão sofrendo, mas não sofrer com eles. Deve ainda usar da igualdade, ou seja, dar o direito de outro sofrer neste momento. Deve agir assim, mesmo que tudo lhe diga que sofrer nestes momentos é certo.

Aí está a reforma intima. Aí está o caminho que precisa ser percorrido pelo espírito para alcançar o pico da aventura espiritual. Isso se chama reforma intima.

Reforma intima não é doar dinheiro, não é fazer caridade material sem alterar o padrão vibracional: viver o acontecimento com amor e não com pena ou dó. Fazer a caridade com igualdade, compaixão e felicidade e não mais por pena: aí está a verdadeira reforma intima.

O problema é que o espírito não se auto reconhece como ser universal: ele se imagina como sendo a personalidade à qual está ligado para a aventura espiritual. Ele não vê a ação do ego lhe transmitindo sensações. Por isso não se vê como espírito que é, mas acha que o ego é ele mesmo.

Quando isso ocorre, o que acontece? O espírito se subordina ao ego, ou seja, sente pena dos outros e exige que se faça a caridade material. Acha que está sendo santo neste momento, mas apenas está mostrando o seu egoísmo.

Preso ao mundo externo, ao agir, o espírito se prende à necessidade de uma reforma externa e acha que a fazendo vai sair da carne e ir direto para o céu. Pobre ser humanizado: vai continuar vivendo a encarnação no que vocês chamam de mundos inferiores, já que não promoveu a reforma de dentro, a reforma do coração, a reforma do sentimento.

Ele precisa continuar em provação porque ainda vibra, se sintoniza com as sensações geradas pelo ego ao invés de sintonizar-se com Deus e amar a tudo e a todos como Deus ama. Aliás, sobre este tema Cristo fala assim: Deus quer que nós amemos a todos como Ele nos ama. Não é desta forma que eu falei (com felicidade, compaixão e igualdade) que Ele nos ama?