Encarnação - Textos

A responsabilidade do espírito pelo erro

Participante: qual a responsabilidade do espírito se é o personagem que está errando?

Não há ninguém que erre. Um ego jamais erra.

Se eu lhe dou o direito de ser diferente e você só faz aquilo que acha certo, isso quer dizer que você está sempre certo. Na verdade, se existisse alguém errado no desenrolar de um acontecimento humano, este não seria o personagem, mas sim, o espírito. Vou explicar isso.

Para explicar o que afirmei, vamos dar um exemplo: falar mal dos outros. Isso não é errado, mas sim consequência de haver naquele ego inveja ou de achar que sabe mais o certo do que o outro. Ou seja, consequência da existência de sensações humanas.

Por que este ego possui estas sensações? Porque elas foram escolhidas como temas de provações pelo espírito. Sendo assim, quando o personagem fala mal dos outros, ele não está errado, porque está refletindo o que o espírito escolheu para viver como provação.

Além do mais, falar mal do outro não quer dizer que esse seja aquilo que está sendo acusado. O ego quando cria uma realidade, não fala de algo real, mas apenas propõe uma situação que só se tornará real se o espírito acreditar nela, ou seja, apegar-se à realidade ilusória criada pelo ego como realidade. Por isso afirmo que todas as injurias criadas pelo ego não possuem fundamento: são realidades ilusórias criadas pela personalidade transitória para testar o espírito.

Por isso a atividade humana falar mal de alguém não é errada: ela não existe. Apenas quando o espírito acredita nela como real é que ela passa a existir. Se o ser não der a ela este valor, ela nunca existirá.

Portanto, neste processo, a responsabilidade do espírito é imensa. Ele é o responsável por tudo que existe de mal ou errado no mundo de vocês, pois se ao invés de ligar-se à ganância, inveja ou luxúria ele se sintonizasse com Deus, nenhum acontecimento humano seria tratado como realidade.

Se o ser espiritual ligar-se à paz, harmonia e felicidade ao invés de sintonizar-se na soberba e no egoísmo, nenhuma criação do ego seria tratada como realidade. Ele viveria apenas a felicidade que Deus tem prometido e seu Amor.

Essa é a responsabilidade do espírito. Não podemos dizer que ele é o responsável pelo ato físico de uma briga entre dois seres humanos, mas podemos dizer que ele tem responsabilidade por este acontecimento, pois esta ação só se tornou real porque o ser universal viveu uma sintonia sentimental que levou o personagem a ter que agir daquele jeito.

Olha, deixe-me dizer uma coisa: espírito não tem braço, perna, boca e nem sabe falar. Tudo isso é do ser humano, é do personagem. Então, o espírito não é o responsável pela execução desses atos externos, mas é responsável pelo ato interno, ou seja, pela vivência sentimental que é caracterizado pelo pulsar sentimental, sentir.

Na verdade, quando o espírito pulsa um sentimento cria uma história para o personagem.