Realidade

A existência da criatura

Continuemos.

Deus gera os espíritos dentro da Perfeição. Aquele que pos-sui a capacidade infinita de tudo não poderia gerar nada incompleto ou defeituoso. É por isto que o Espírito da Verdade ensinou que o espírito nasce puro, simples e perfeito.

Deus não pode criar nada que não seja perfeito: todas as coisas do universo têm que ser perfeitas para serem obras de Deus. Então, podemos concluir que todo espírito quando nasce é perfeito, é puro, é simples, mas como toda criança quando nasce, o espírito é desprovido de cultura, ou como se fala no Livro dos Espíritos: ele é simples e ignorante (desprovido de cultura).

Assim nascem, começam a existir todos os espíritos: sim-ples, puros, inocentes e sem cultura. Depois de gerados precisarão, então, caminhar no sentido de obter a cultura.

Depois que é gerado por Deus, o espírito começa uma cami-nhada (existência) no sentido de conhecer as coisas universais: os elementos e as ações materiais do universo. Durante toda esta ca-minhada, esta busca da cultura, o espírito continua simples, puro, inocente.

Em determinado momento o espírito gerado por Deus deixa de ser ignorante. Ele agora conhece todas as coisas do universo e, então, terá que provar ao Pai que, mesmo tendo a cultura possível, pode manter a sua simplicidade.

O processo de adquirir cultura que o espírito vivencia não é objetivo da conversa de hoje, pois para a reforma íntima que o ser humanizado precisa fazer no Mundo de Provas e Expiações este conhecimento de nada valeria. Portanto, vamos nos focar nesta segunda etapa onde o espírito vai precisar provar a sua inocência a Deus.

Utilizando-se de uma figura, podemos comprar o primeiro pe-ríodo de existência de um espírito com o início da vida de Adão e Eva no paraíso, quando aprendem sobre as criações divinas. Já o segundo iniciar-se-á quando Deus dá a ordem: não coma do fruto da árvore que fica no meio do paraíso.

 Através desta ordem Deus está propondo ao espírito uma provação aos seres. Aquele que quiser manter-se puro deverá cum-prir a ordem sem contestações, mas não é isto que ocorre.

O espírito aceita alimentar-se daquele fruto que é oferecido pela cobra e ao fazer isto perde a pureza, ganhando em troca um determinado poder que o maculará e do qual precisará se libertar. Este é o assunto que iremos abordar hoje e que é fundamental para o processo de reforma íntima.

Pergunta: temos, então, que absorver conhecimento e transmu-tar para a Real sabedoria com o passar da evolução?

O conhecimento que cito não é aquele que se adquire durante a vida carnal. Estou falando de um conhecimento anterior ao início das encarnações como seres humanos. Ainda não estamos falando do ser humanizado.

Como disse, o processo de busca do conhecimento que acaba com a ignorância que o espírito nasce pode ser comprado com a vivência de Adão e Eva no paraíso, quando eles aprendem sobre as criações do Pai. Até este ponto da conversa ainda não fomos expulsos do paraíso para vir habitar a Terra, ou seja, nascer e morrer.

Portanto, tudo o que falei até agora não se refere à cultura terrestre, mas a universal que o espírito adquire antes de começar as encarnações.

Pergunta: porque o espírito tem que provar isto? É por causa do “fruto” que comeu?

O fruto que comer será o que precisará vencer, pois ele é que maculou a Perfeição criada por Deus.

Mas, por que precisa haver uma prova, se o espírito já é pu-ro? Porque há uma lei básica no universo chamada merecimento, ou seja, receber de acordo com suas obras. É preciso realizar para merecer receber. Deus não dá nada de graça para ninguém, pois senão estaria ferindo a lei do trabalho, criada por Ele mesmo.

Desta forma o espírito é simples e puro, mas precisa traba-lhar para provar a Deus que a cultura adquirida não afetou a sua pureza. Só quando não passa nesta primeira prova tem que reen-carnar até conseguir libertar-se de toda complexidade que maculou a pureza original.

Portanto, na primeira encarnação o espírito vem simples e pu-ro para realizar uma prova e assim contemplar a lei do trabalho e gerar o merecimento de não ter que entrar na roda do sansara. Só quando não consegue este merecimento o espírito precisará reen-carnar até que tenha voltado à sua origem: simples e puro.

Pergunta: uma língua enganosa esmaga o espírito. Então, por-que as pessoas viram às costas para ajudar o semelhante?

Porque são individualistas. É a característica do espírito en-carnado no planeta Terra, o espírito em prova e expiações. Ele é individualista, só pensa em si primeiramente para depois pensar em Deus e por último nos outros.

Mesmo quando este espírito pensa em Deus só o faz para levar vantagem para si. “Meu Deus me dê isso”, “faça aquilo para mim”. Ele nunca comunga com Deus para louvá-Lo ou para pedir pelo seu semelhante.

Mesmo quando pede para o próximo, nunca se preocupa com o que o próximo quer, mas sempre pede a Deus aquilo que ele quer para o outro. Está sempre baseado no “eu quero”, “eu acho”, “eu sei”, que sã as características do individualismo que vive.

Esta é a característica dos espíritos que encarnam no planeta Terra que não os leva a servir ao seu semelhante.

Pergunta: mas, existem pessoas que não são assim e se dão mal por pensarem nos outros antes de si mesmo.

O achar que se deu mal já é uma prova de que esta pessoa é assim, ou seja, individualista. Ela só vive esta realidade quando queria alguma outra coisa diferente daquilo que aconteceu.

Quem não é assim, ou seja, não é individualista, não quer na-da, não espera nada, está de bem com a vida, com tudo que vier, por isso jamais imaginará que se deu mal. Agora, quem quer algu-ma coisa, quem espera algo, é o individualista que eu falei. Ele está sempre preocupado consigo e por isso julga os acontecimentos do mundo para saber se estão de acordo com as suas verdades e desejos.

A visão se dar mal já é uma prova de que este ser está preo-cupado consigo e não aceita o mundo do jeito que ele está.