Um minutinho da sua atenção

A ação de rajas

Vou dar um exemplo para entendermos melhor. Digamos que você passe na rua e veja uma pessoa na outra calçada vestida com cores que não combinam.

A ideia de que as cores não combinam é um pensamento que se utiliza de conceitos individuais. Por isso, posso dizer que a consciência da combinação não certa da roupa da pessoa é fruto de um pensamento seu.

Mas, você não tem consciência disso, não imagina que é fruto de um raciocínio. Por quê? Porque estão no piloto automático. Está vivendo momentos futuros e não o presente.

Naquele exato momento está olhando para a pessoa, mas prestando atenção se vem algum carro em sentido contrário, atento aos que estão atrás por medo de ter um bandido lhe seguindo, preocupado com o que vai fazer no trabalho, onde está seu filho, etc. Existem muitos lugares onde pode estar, mas uma coisa é certa: não está presente no momento de agora, apesar da sua razão estar

Nesse momento é dominado pelo guna rajas, a obsessão de agir que caracteriza o pensamento. Por causa dessa ação, o pensamento não apenas estabelecerá o errado da combinação da roupa da pessoa, mas o compelirá a agir. Esse é o pensamento obsessivo, o pensamento com a característica rajas.

Participante: é o pensamento sobre a combinação das cores, que determina o que é certo a partir do que eu gosto e não leva em consideração o que a outra pessoa gosta.

Perfeito.

Quando falo em obsessão de agir naturalmente você pensa numa ação externa, mas não é só ela que rajas impulsiona. Essa qualidade leva a necessidade de alguma ação, nem que seja no íntimo. Nesse caso ação é o julgamento da combinação de cores da pessoa.

Impulsionada pela característica rajas, a razão vai julgar a outra pessoa. Como o egoísmo característico do raciocínio humano exige uma vitória sobre o outro, a razão não só julga, mas estabelece também uma penalidade para aquela pessoa: ela não tem bom gosto, não sabe combinar cores.

Tudo isso acontece na razão num momento. Como essa penalização do outro é o objeto da provação do espírito nessa existência, ele deveria nesse momento agir para não comungar com essa razão. Só que por estar vivendo a vida, ou seja, preso no futuro ou no passado, não vê tudo isso acontecer. Por isso não consegue fazer a sua prova a contento.