Senhor da Yoga - Cap. 7 - Caminho do reto conhecimento

Versículo 6

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Senhor da yoga - versículo 6
Senhor da yoga - versículo 6

06. Sabe que todos os seres são gerados por essas duas prakriti. Eu sou a origem e também a dissolução do cosmo inteiro.

“Saiba que todos os seres são gerados por essas duas prakriti”, ou seja, todos os seres, humanos ou espirituais, vivem nessas duas prakriti. Eles são formados, gerados, passam a existir por conta das duas prakriti.

Participante: originados?

Originados no sentido de formados. É a existência de uma consciência que dá origem à idéia de se existir.

Participante: ser espiritual ou material? Qualquer um?

Sim, isso, qualquer um.

Agora, repare num detalhe. Claramente Krishna está falando neste trecho da prakriti. No entanto, na última frase ele diz: “Eu sou”... O que isso quer dizer? Que Deus é a própria prakriti, as consciências que geram a existência de uma individualidade...

Nada existe sem que Deus dê a idéia de existir. Nenhum ser, encarnado ou não, possui consciência de sua própria existência se o Pai não lhe conferir esta idéia. Isso é importante de se compreender para se alcançar o reto entendimento.

Um dos grandes entraves para a entrega com confiança à Deus durante os acontecimentos da vida é a questão do amor próprio, dos brios. Em nome destas coisas o ser humanizado imagina que precisa agir para se defender dos ataques do mundo ao seu íntimo. Mas, ataques a quem? A quem é apenas uma consciência gerada por Deus?

O amor a si mesmo como praticado nos moldes dos seres humanizados é algo que cai no vazio quando se entende que a consciência de ser, de existir é irreal: é apenas uma idéia de ser que Deus está criando. Não há nada sendo, mas apenas a idéia de ser alguma coisa. Por conta disso, volto a perguntar? Defender o que? Defender-se do que?

Mas, a informação sobre as prakriti não param por aí. O Bendito Senhor diz mais: ela é a origem de todas as coisas e também a dissolução delas.

Para os seres humanizados tudo que acontece tem uma origem ou um fim, um começa ou um término. No entanto, quando nos deparamos com a informação de que tudo o que existe apenas como uma consciência, como uma idéia de existir, a crença de algo começa ou acaba se transforma apenas numa idéia e não numa realidade.

Ter a consciência de ser, estar ou fazer é diferente do estar praticando ou sendo algo. Você não é gordo ou magro, mas tem a idéia de ser. Isso quer dizer que não é o volume da sua cintura que existe, mas que ele passa a existir porque você tem a consciência de ser gordo. É esta consciência que lhe faz perceber um volume grande na barriga e não ao contrário.

Entendido isso, posso, então, afirmar que nada existe: tudo é apenas uma idéia da existência das coisas. Olhe para sua frente. O que está vendo? Não importa o que seja aquilo não existe. Só passa a existir porque Deus lhe deu a idéia daquilo estar na sua frente agora. Se Ele não desse essa consciência, se não formasse essa prakriti, aquilo não estaria ali.

Este é o grande ensinamento de Krishna neste capítulo do Bhagavad Gita que pode nos ajudar a atingir ao reto conhecimento. Só juntando a idéia de que as coisas não são percebidas, mas formadas por consciências que são enviadas por Deus o ser humanizado pode praticar a reta vivência: Deus é tudo. Sem esta idéia o ser ainda continuará vivendo a existência de múltiplas coisas, entre elas ele mesmo, que se movimentam por moto próprio e em face do seu egoísmo nato, terá que defender seus interesses para ter seus desejos alcançados.

Portanto, se a origem de todas as coisas é a prakriti e não a realidade, a origem da terra, da água, do fogo, do éter, do intelecto e até do próprio egoísmo que você vivencia está em Deus. Ele também é a dissolução de tudo isso. Sendo assim, mantenha-se equânime, firme na relação amorosa com o Pai, quer seja na origem ou na dissolução das coisas que vivencia

Participante: qual é o trabalho da gente?

O trabalho do espírito enquanto recebe a prakriti de Deus é o que foi falado nos outros capítulos: sacrificar sua intenção ao Senhor. Não é não ter intenções, mas tendo-as sacrificá-las a Deus.

As intenções que sua mente gera são parte da prakriti, ou seja, algo gerado por Deus. Por causa disso, nunca deixará de tê-las. Mas, se é Ele que gera e dissolve as coisas, o Pai pode acabar com elas. Quando isso acontecerá? Quando você começar a participar dos acontecimentos desta vida em interligação com Ele, entregando-se a Ele, sacrificando sua intenção por conta desta relação amorosa.

Um grande exemplo disso é a frase de Cristo ao final da Santa Ceia: “Pai, afasta de mim este cálice.” Nesta frase está nítida a presença de uma intenção, mas na continuação dela encontra-se claramente também o sacrifício dela ao Pai: “se não for possível, que seja feita a Sua vontade.” Apesar de possuir a intenção de não viver determinado acontecimento, no caso a crucificação, Cristo sacrificou o seu querer ao Pai e manteve-se em paz e tranqüilo. Com isso harmonizou-se com o momento que viveria.

É esse eu o seu trabalho para alcançar o reto caminhar. É por conta dele que você, ser universal, ao longo das encarnações alcança a elevação espiritual.

Participante: mas, quando acabarão estas provações?

Quando Deus acabar. Quando Ele julgar que realmente você conseguiu libertar-se de suas intencionalidades egoístas, as provações acabarão. Ou seja, quando praticar tudo o que Krishna e outros mestres ensinaram conseguirá encontrar o reto caminho que o aproximará de Deus e neste momento todas as provações se acabam.