Síndromes da vida

Possessão

Não existe nada mais que constate mais a posse sobre outra pessoa neste mundo do que exigir a fidelidade.

Possuir não é ter, mas querer ter o domínio do outro. É querer decidir o destino e a ação do outro do outro. Isso é ter uma posse.

É por conta desta definição do que é uma posse que a questão da fidelidade, que é tão defendida pela humanidade, é contrária à convivência em paz. Isso porque o que ela objetiva é lhe assegurar o direito de possuir o outro. Quando o próximo foge do seu controle, você declara que foi infiel.

Nossa análise desta síndrome inicia-se pela consciência de que viver exigindo fidelidade é viver uma possessão. Começa buscando a compreensão de que se você quer ter o direito de possuir o outro, ou seja, ter o controle sobre ele, o sofrimento será inevitável.

Porque o sofrimento é inevitável para aquele que exige fidelidade dos outros?

Participante: se nós não controlamos a nossa vida que dirá a do outro.

Na verdade o outro com quem se relaciona não possui uma vida para você a controle. Ele faz parte da sua vida.

Você falou uma coisa que se observada pelo ponto de vista humano pode parecer certa: os relacionamentos acontecerem em vidas separadas, ou seja, ser um acontecimento que esteja presente na sua e na vida dele. Já quando se entende a vida a partir dos valores espirituais, isso não é possível de existir.

Olhando a partir deste prisma descobrimos que existe a vida dele, onde há um você, e existe a sua vida, onde há um ele. Aquele com o qual você se relaciona é com o ele que está na sua vida e não com aquele que está na vida dele. Vou explicar isso melhor.

Você é casada?

Participante: sou.

Compreendendo esta relação humanamente, você me diria que você e seu marido são dois seres que estão vivendo uma vida comum. Se olharmos pelo prisma espiritual, pela idéia de que a vida humana é apenas uma provação para o espírito, isso não é real.

A sua vida é a sua prova. Ela contém todos os elementos necessários para a sua provação. Neste caso, o seu marido é um elemento da sua vida.

Já ele, é outro ser que possui outra vida que é escrita dentro de tudo o que ele pediu como gênero de provações e contém todos os elementos para que as provas ocorram. Ou seja, você, como instrumento da encarnação de um espírito é algo que está na vida dele e não a pessoa que imagina ser.

Deu para compreender? O que quero dizer é que a vida de cada um é individual e contém nela mesma todos os elementos necessários para que o espírito tenha a sua provação. Isso quer dizer que quando você imagina que está se relacionando com um ser externo, na verdade está convivendo com alguém que pertence apenas à sua vida.

É a partir desta compreensão que podemos entender melhor a impossibilidade de se conseguir a fidelidade dos outros. Como você não controla a sua vida, não pode controlar o próximo que está nela.

Compreendido isso, podemos então, alcançar a solução para desqualificar os argumentos que vida usa para propor um sofrimento através de um ato de infidelidade. Basta contra argumentar afirmando que se você não controla a sua vida, não pode exigir controle sobre aqueles que estão nela.

Antes de avançarmos na nossa análise desta síndrome, quero deixar algo bem claro. Não estou falando que você tem que agüentar a traição calada, que tem que se separar ou continuar junto. Não estou falando nada a respeito de ações, pois isso são acontecimentos e eles ocorrem por ação da vida e não sua. Estou apenas buscando argumentos para que vocês possam contrapor às idéias que a vida usa para lhes levar a viver o sofrimento oriundo de uma infidelidade.

Os seus atos e os de qualquer pessoa não podem ser comandados. Quantos homens já não disseram que não aceitariam uma infidelidade de suas esposas e quando isso acontece acabam continuando juntos? O contrário também é verdade. Quantos já não disseram que fariam de tudo para preservar a sua união e acabaram sendo infiéis?

Portanto, nesta conversa não estou falando do que fazer quando acontece uma infidelidade. O que estamos conversando é em como reagir a uma propositura da vida depois que se torna consciente a infidelidade.