Evangelhos canònicos - Textos

Pai, mestres e líderes

Vocês não devem ser chamados de mestres porque são irmãos uns dos outros e têm somente um mestre. E aqui na Terra não chamem ninguém de pai, porque vocês têm somente um pai que está no céu. Nem devem chamar ninguém de líder, porque vocês têm um líder: o Messias. Dentre vocês o mais importante é aquele que serve. Quem se engrandece será humilhado; quem se humilha será engrandecido.

Não chamem ninguém de mestre, pois esta figura não existe. Cada ser humanizado é irmão do outro e todos estão ligados a um mestre.

Este ensinamento à primeira vista é fácil de entender: não chame ninguém de mestre. Mas, tem algo mais por trás disso: não queiram ser mestre de ninguém...

Não chame ninguém de mestre, mas não busque a posição de mestre para você. Isso faz parte da consciência crística. Aliás, uma parte importante, pois o ser humanizado vive buscando ser líder, ser mestre, ser o certo, aquele que sabe o que os outros têm que fazer.

O que pode ser considerado como reforma íntima é exatamente cada um buscar destruir dento si as leis que lhe fazem buscar a posição de mestre, as leis que automaticamente levam o ser humanizado a querer ser mestre dos outros. Não há como reformar mais nada. De nada adianta, por exemplo, o ser humanizado querer ser humilde, pois enquanto ele acreditar em determinadas leis irá quere ser mestre de alguém.

É preciso abrir mão da posição de mestre, de se julgar certo, de querer ditar normas para a vida dos outros. Mas, para isso, é preciso antes de qualquer coisa, abrir mão de suas próprias verdades que constituem o código de normas e leis que dão o valor de certo a atitudes humanas.

Uma vez me perguntaram que conselho daria para alguém que quisesse se suicidar. Eu respondi: nenhum. A pessoa, então, me acusou dizendo que eu não tinha amor. Respondi: falta de armo é a sua que quer acabar com a vontade do outro se matar, obrigá-lo a ficar vivo. Para que vou obrigá-lo a ficar vivo?

Os seres humanizados acham que devem ajudar o outro no sentido de mantê-lo vivo, mas quem disse que esta vida tem a importância que vocês humanizados dão a ela? Quem disse que, espiritualmente falando, conseguir um emprego tem grande importância? Quem disse que para a eternidade o fato de conseguir um diploma de doutro tem a mesma importância que se dá a este fato no mundo material?

Eu já cansei de usar como exemplo a função de lixeiro. Disse por diversas vezes que se não houvesse lixeiro todos se afundariam no lixo. Com esta visão chegamos a conclusão que a figura do lixeiro é importante. Todos concordam com isso, mas querem este destino apenas para os outros ou para o filho deles. Para ele e para os seus filhos este futuro é inglório. Mesmo que o filho dele sonhe ou goste de ser lixeiro, o ser humanizado pai ou mãe vai sempre agir contra esta intenção.

Por isso não tenho nenhum conselho a quem quer se suicidar. Querendo fazer que o faça. A única coisa que alerto a quem quer seguir este caminho é que ele não morrerá.

O mais importante não é saber do que ‘morreu’ o ser humanizado, mas o que fez na sua estada na matéria carnal. Neste aspecto, dar um tiro na cabeça ou querer ser mestre dos outros leva ao mesmo destino: o desencarne sem morte. Apenas a reforma íntima (libertação das verdades que norteiam a vida) pode garantir um futuro auspicioso depois do desencarne. Isso é o que vocês ainda não compreenderam.

Quem acredita em reencarnação sabe que já teve muitas vidas. Em alguma delas, aquele que hoje é homem, foi mulher, esteve casada com um homem e teve filhos. A esses pergunto: como poderiam estar vivendo hoje a vida como homem se ainda acreditassem que ainda eram mulheres, que eram casados com determinados homens, que um determinado ser humanizado é seu filho? Como poderia estar na encarnação de hoje com a história de vida que possui agora?

Repare: o ser teve que destruir as verdades daquele personagem que viveu anteriormente para assumir as do ser humanizado de hoje. Se isso é verdade, antes da próxima encarnação aqueles que hoje vivem um personagem humano terão que destruir todas as verdades desta encarnação. Isso é ponto pacífico: o ser universal não pode encarna de novo enquanto se imaginar um determinado ser humanizado.

Outro ponto importante: não existe mágica naquilo que os seres humanizados chamam de morte ou desencarne. Ou seja, não há um processo exterior que faça o ser universal deixar de imaginar-se o humano que vive durante uma determinada encarnação. Da mesma forma que o ser luta durante a encarnação para vencer suas verdades, depois do desencarne continuará lutando para destruir as verdades do ser humanizado que vivenciava. Este processo persiste até que ele retorne à sua consciência espiritual. Só aí o ser poderá retornar ao processo de encarnação.

Portanto, na vida ou fora dela, o ser terá que destruir as verdades. Só que quando o ser está na vida (com corpo carnal), isso vale para a elevação espiritual. Depois do desencarne o processo de libertação de suas verdades será obrigatório, mas não valerá para mais nada. Será apenas um processo de depuração para voltar em outra vida, pois as provações acabaram.

Portanto, tanto na carne quanto fora dela, o ser que vivencia o processo de humanização terá que libertar-se das verdades da personalidade humana. Acontece que durante o que é chamado de vida conta ponto para a elevação espiritual; depois não.

Ou seja, um dia todos terão que libertarem-se de suas verdades: se fizerem isso durante a vida ganham algo, se fizerem depois, de nada vale... Nem que seja por isso, façam agora...

Outro aspecto importante dentro do mesmo assunto.

O que é uma encarnação? Uma oportunidade para o ser realizar a reforma íntima. O ato de encarnar apenas não garante que seja realizada a mudança do interior de cada um, ou seja, não conta ponto para a elevação espiritual. O objetivo da encarnação (elevar-se) só será alcançado por aqueles que promoverem a reforma íntima.

A partir destas afirmações pergunto: para que ficar discutindo se existe ou não reencarnação? Para que querer ser mestre e provar que a reencarnação existe? Exatamente porque querer mostrar que sabe, este ser estará perdendo a oportunidade da elevação.

Outra coisa. Se a libertação das verdades é o objetivo da encarnação, numa delas o ser terá que realizar este trabalho, certo? Se você está agora encarnado, porque esperar a próxima para fazer? Faça hoje...

Para que ficar adiando o trabalho se algum dia ele terá que ser realizado? Numa das encarnações este trabalho terá que ser realizado mesmo... Eu pessoalmente acho que quem adia para a próxima encarnação este trabalho age como um idiota, pois é inevitável que se faça.

Para que deixar para outra? Na próxima encarnação o ser terá que nascer novamente, ter as limitações de um bebê e de uma criança, vivenciar os problemas da juventude para só então fazer o trabalho que pode ser realizado hoje.

Portanto, resolva logo. Faça agora... Para isso, pare de discutir se existe ou não reencarnação. Se você acredita nisso e está vivo sabe que tem um trabalho a realizar. Realize-o já...

É isso que estamos fazendo quando falamos em desmistificar os ensinamentos de Cristo. Cada ser humano nasceu para morrer, mas aqueles que alcançam a consciência crística sabem que é preciso matar o ser humano em vida e não esperar a morte física para aí então realizar alguma coisa por sua existência eterna. Quando se mata o ser humanizado, ou seja, liberta-se das verdades humanizadas da personalidade, acontece o renascimento.

Por isto este ensinamento de Cristo é muito importante.

Não chame ninguém de pai. O que é o pai? Aquele que lhe ampara, aquele que faz as coisas para você... Se não é para dar a ninguém a figura de pai, Cristo está dizendo que não deve se esperar amparo de ninguém, que não se deve esperar que os outros façam aquilo que esperamos deles... Não espere que os outros vão abrir mão de suas intenções para satisfazer as suas...

Não chame ninguém de mestre, ou seja, não deixe ninguém lhe dominar e não queira dominar os outros... Não procure líderes, ou seja, aqueles que você seguirá, porque cada um tem o seu próprio caminho. Trilhe o seu caminho... Esta é uma questão fundamental para quem quer alcançar a consciência crística.

O caminho de cada um é individual. Não adianta o ser humanizado querer vencer as suas verdades através do exemplo de outro. Isso porque as verdades de cada um são únicas e cada uma delas cria exemplos diferentes. Não queiram impor suas verdades aos outros, pois cada um tem seu próprio caminho.

Cada deve vivenciar a sua vida e não ficar babando em cima daqueles que se dizem mestres. Se o mestre aceita a sua bajulação ele não é um mestre de verdade, pois todos aqueles que alcançam a compreensão dos ensinamentos dos mestres sabem que cada um possui o seu próprio caminho e que a experiência de vida não pode ser transmitida de um para o outro.

Para se alcançar a consciência crística é preciso que haja a conscientização que cada um tem que ser líder de si mesmo. Compreender que cada um tem a sua própria vida, que possui os seus problemas individuais e que só ele pode resolver.

De nada adianta chorar nos ombros dos que se dizem mestres ou líderes, porque quem tem que resolver seus problemas é você mesmo. Não estou chamando ninguém de menor, mas cada um daqueles que se dizem mestres ou líderes vão lhe dar a solução que eles acham boa, que eles adotariam, mas essa pode não ser a sua solução.

No máximo o que estes seres humanizados podem fazer é mandar um recado que pode lhe auxiliar a pensar o seu próprio problema de uma forma diferente. Ou seja, eles podem lhe ajudar a repensar, mas quem tem que tomar atitudes nos acontecimentos de sua vida é você mesmo.

No início deste trabalho eu dava muitas consultas individuais. Falava com todas as pessoas que me procuravam. Um dia parei de fazer isso. Por quê? Porque dava instruções para agir sentimentalmente de uma forma numa determinada situação e quando vinham novas situações com novos enredos e personagens, mas presas na mesma essência, a pessoa não sabia como agir. Na verdade os seres humanizados querem um líder para que ela viva a vida deles por eles. Agem assim porque não querem ter o trabalho de viver a sua própria vida.

Para que um ser humanizado cria um código normativo de certo e errado na sua vida? Para não precisar pensar a cada acontecimento, para não precisar vivê-lo. Ele cria as verdades e suas qualificações para que a cada acontecimento possa comparar o que está acontecendo a um código de normas e ter uma realidade já pronta.

A cada acontecimento o ser humanizado não quer ter o trabalho de analisá-lo. Busca logo em sua mente o código a que se refere aquele acontecimento e já tem, então, toda a conclusão pronta. Quando encontra algo errado, por exemplo, o ser humanizado não se preocupa em analisar o que aconteceu, mas apenas vive o conceito erro que já está pré-concebido em sua mente para aquele acontecimento e critica.

É para isso que os ser humanizado cria os conceitos de certo e errado: para poder parar de viver e aí só passar pela vida.

Portanto, não queiram ser mestres nem chamem alguém de mestre; não liderem nem aceitem liderança alguma na sua vida; não transformem ninguém em pai, ou seja, não concedam a paternidade para ninguém, nem queiram ser paterno com os outros