Reforma íntima - Textos - volume 06

Os papéis dos seres humanos nas provações dos espíritos

Tudo que acontece a um ser, portanto, é o cabeçalho da prova do espírito. Acontece que em todos os acontecimentos o ser humano pode assumir dois papéis: o de agente da ação ou receptor dela. Estes são os papéis que o ser humano exerce durante a provação do espírito.

“Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo...” (O Livro dos Espíritos – pergunta 132 – Objetivos da encarnação)

Quem recebe uma ação durante um acontecimento da vida está em provação, mas quem a executa também está. Seja para quem sofre uma ação, seja para quem a executa, o que está acontecendo é o cabeçalho de uma provação.

“É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”. (O Livro dos Espíritos, pergunta 132)

Agindo num acontecimento frente a outra pessoa, o espírito humanizado está fazendo a sua parte na obra da criação. Ou seja, está escrevendo o cabeçalho da prova de um irmão espiritual. Mas, ao fazer isso, ele próprio está em provação: está tendo uma oportunidade de submeter-se ao acontecimento ou durante ele defender seus interesses.

Ora, se a provação do espírito é formada por uma continuidade de acontecimentos (destino) predeterminados a partir dos gêneros de provas pedidos pelo ser antes da encarnação, será que cada um pode agir durante a existência carnal contra outra pessoa a partir de escolhas realizadas no momento da ação? Acho que não...

Quando fala da missão dos espíritos (assumir o papel de agente da situação que servirá como cabeçalho para a prova de outro ser) o Espírito da Verdade afirma que o que ele faz quando está encarnado está vinculado à obra geral (a criação do que o outro pediu para provar) que é executada a partir das ordens de Deus (O Livro dos Espíritos, pergunta 132). Sendo assim, a ação de qualquer se humano precisa espelhar o que o outro pediu para provar e foi gerada originalmente em Deus.

Esta é a vida, ou seja, a provação dos espíritos: cada um age sob as ordens de Deus agindo frente a outro ser encarnado criando um acontecimento que sirva como cabeçalho à prova que está fundamentada nos gêneros de provação que cada um deles pediu antes da encarnação. Por isto chamo a vida humana de ‘Divina comédia humana’. Chamo-a assim porque ela nada mais é do que a representação de atores (os seres humanizados) de um texto criado pelo Autor (Deus).

Ela é divina porque é a obra geral, é uma comédia, porque aqueles que a compreende se divertem com os que estão nela e por conta do véu do esquecimento, pensam que estão vivendo as situações que estão interpretando.