Influência oculta dos espíritos

O raciocínio humano

“461. Como havemos de distinguir os pensamentos que nos são próprios dos que nos são sugeridos? Quando um pensamento vos é sugerido, tendes a impressão de que alguém vos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que acodem em primeiro lugar. Afinal, não vos é de grande interesse estabelecer essa distinção. Muitas vezes, é útil que não saibais fazê-la. Não a fazendo, obra o homem com mais liberdade. Si se decide pelo bem, é voluntariamente que o pratica; se toma o mau caminho, maior será a sua responsabilidade”.

Qual o pensamento que lhe é sugerido pelos espíritos?

Participante: o pensamento que leva a cumprir o livro da vida.

Não. Por favor, o que está escrito? Qual a distinção entre o pensamento que é sugerido pelos espíritos e o pensamento que é próprio do ser encarnado.

A minha pergunta é: qual o pensamento que é sugerido, segundo O Livro dos Espíritos?

Participante: quando um pensamento vos é sugerido, tendes a impressão de que alguém vos fala.

Isso.

Todo pensamento sugerido é como alguém falar com você. O que é alguém que fala com você?

Participante: é uma voz que fica no fundo.

Palavras, ideias, imagens. Todo pensamento que for composto por palavras, que contar uma historinha, lhe foi sugerido por espíritos fora da carne.

Agora, se todo pensamento que tem palavra lhe é sugerido, qual o que você tem? Aquele que não contém palavras. Qual o pensamento que não contém palavras?

Participante: o sentimento.

Isso. O sentimento, a emoção, é calado, mudo.

Toda ideia lhe é sugerida, mas todo o sentir é o seu pensamento. É o fruto do seu raciocínio, do seu livre arbítrio. Ficou bem claro?

Eia aí, então, tudo o que estamos ensinando há cinco anos. O que você, o ser humanizado, raciocina, pensa, as ideias que lhe vem na cabeça, os conceitos que possui, lhe são sugeridos. Você apenas escolhe um sentimento para viver o que é sugerido. Esse é o raciocínio mudo que o ser humanizado faz.

Está certo isso? Há um raciocínio e você escolhe um sentimento para reagir a ele. Será que o Espírito da Verdade também fala isso?

“Quando um pensamento vos é sugerido, tendes a impressão de que alguém vos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que acodem em primeiro lugar.

Participante: aqui parece que ele fala diferente ...

Vou explicar.

Você tem um primeiro raciocínio, que é o sentimental. Escolhe um sentimento, faz um pensamento mudo. Depois de ter escolhido o sentimento, os espíritos dizem o que você sentiu.

Participante: os espíritos me dizem através do pensamento o que eu senti?

Sim. Você raciocina espiritualmente e escolhe um sentimento de raiva. Aí o espirito fora da carne lhe fornece uma historinha para mostrar que escolheu sentir raiva naquele momento. Só que a escolha da raiva já foi a sua resposta a um pensamento anterior.

Participante: esse pensamento para identificar o sentimento pode ser justamente isso: a identificação do sentimento?

É exatamente isso.

É preciso que alguém lhe mostre o que escolheu sentir, porque a escolha do sentimento é feita no inconsciente. Por isso, não sabe que sentimento escolheu. Dessa forma, Deus providenciou esse artifício que vocês chamam de pensamento: para que conscientemente saiba o que escolheu no inconsciente.

A dinâmica, então, é a seguinte: você sente raiva, Deus gera uma ideia e manda um espírito lhe dar um pensamento. Esse vai sempre contar uma história que demonstre o que foi sentido. Uma história como: ‘não gostei daquilo, que coisa feia que ele fez, que coisa errada’ ... Isso é o que você está pensando, mas na verdade o que está acontecendo é o ser fora da carne lhe dizendo: ‘está vendo que você está com raiva? Repare que está com raiva, mesmo quando diz que você está amando. Está descobrindo que não escolheu amar aquela situação’?

Toda lógica do pensamento material, das histórias contadas pela mente, das ideias, são criadas por Deus e lhe é transmitida pelos espíritos para que tenha consciência do sentimento que escolheu. O que é dito na história não vale de nada, não tem valor algum, não é real.

Você fica ofendido, por exemplo, porque alguém deixou de fazer alguma coisa. Mas, ninguém deixa de fazer nada, já que tudo que acontece era o que tinha que acontecer. A realidade de qualquer coisa é Deus mostrando o que cada um escolheu sentir. Mais nada do que isso.

Ficou bem claro isso? Sei que o assunto é complexo, mas é assim que as coisas funcionam. Se puderem fazer as perguntas, por favor, pode ser que consiga clarear mais as coisas.

Estamos tratando de inconsciente. Estamos falando de coisas que vocês não sabem e nem conseguem perceber, mas que acontece em você a cada segundo. Acho que esse tipo de conversa necessita de muita concentração no assunto, porque se não, não entendemos nada.

Estou dando esse alerta porque tenho a certeza que devem estar querendo usar o raciocínio que é dado pelos espíritos para entender, mas isso não depende de vocês. É preciso tentar entender pelo seu raciocínio: pelo sentimento ...

Participante: ontem à tarde eu pensei que a espiritualidade poderia me dar uma ajuda sobre algo que deveria fazer. Só que sempre vinha à ideia: cumpra o seu carma. Eu fui lá e falei com a pessoa sem pensar mais se deveria ir ou não. É assim que funciona?

A espiritualidade lhe ajudou muito. Ela não colocou o que tinha que fazer, porque o que vai fazer é o que tiver que ser feito. Mas, ela lhe disse: viva o que fizer com amor. Se for, foi; se não for, não foi; mas, viva qualquer uma das situações com amor. É isso que a espiritualidade estava lhe respondendo, já que buscou auxílio.

É isso que precisamos compreender. Todo raciocínio humano é um grande auxilio da espiritualidade, mas não para nos prendermos ao que raciocínio fala como verdades, mas para que tenhamos a consciência do sentimento que escolhemos.

Sabe, quando o raciocínio diz que você não gostou disso, que não gostou do que foi feito, que tinha que ser diferente, isso é Deus dizendo: ‘repare que está preso as suas verdades. Repare como quer que os outros façam do jeito que você quer, na hora que quer como você quer’. Esses pensamentos não devem servir para lhe prender a história e continuar vivendo achando que todo mundo tem que fazer o que quer.

Participante: tem lógica, mas eu não posso usar a lógica?

Não existe lógica racional.

Volto a repetir. Vamos dizer que você pediu para a sua mulher fazer uma coisa e ela não fez. Nesse momento se sentiu ofendido. Na verdade é Deus, através dos espíritos, lhe mostrando que escolheu se sentir ofendido.

O raciocínio diz: ‘ela não fez o que tinha que fazer. Ela não quer me satisfazer. Ela não tem jeito mesmo, não presta’. Essa lógica é maya, é ilusão. Ela nunca faria o que você quis. Ela sempre teria que fazer o que tinha que ser feito. Então está tudo perfeito.

Essa lógica o pensamento não alcança. Ele precisa lhe mostrar que ela não fez, para que tenha consciência de ter escolhido ofensa para reagir ao que aconteceu.

Você escolheu ofensa, escolheu se sentir ofendido. Mas escolheu por quê? Porque achou que o pensamento anterior, aquele que dizia que o certo era fazer o que você queria, era verdade. Por isso, lute contra essa verdade que da próxima vez não vai mais se sentir ofendido, não mais terá pensamentos que digam que ela está errada.

Compreendeu a lógica agora? Ela não está presente na historinha do pensamento, porque essa é aprisionada a mayas, às leis e verdades humanas que só você acha que é certa. Achar que alguma pessoa fez algo que deveria ser feito de uma forma diferente é ilusão, já que não existe o se.

Ficou bem claro isso? Por favor, coloquem para fora as dúvidas, para conversarmos. Dúvida é como se fosse uma formiguinha. Pegue um monte de terra e coloque dentro de um vidro. Compacte bem essa terra. Agora, coloque uma formiga só dentro do vidro. Quando for ver novamente, a terra vai estar cheia de canais e ponta para afundar.

A dúvida é isso: se você deixar uma dúvida ela vai destruir tudo.

Participante: isso é raciocinar o raciocínio?

Raciocinar o raciocínio é fugir da história. Seu pensamento diz que ela não fez o que deveria fazer. O raciocine: ‘eu sou capaz de definir o que alguém tem que fazer? Sou o senhor do mundo para mandar no outros, para dizer o que cada um tem que fazer? Se ela não fez, não foi ela que deixou que fazer, mas sim Deus, que é a Causa Primária de todas as coisas’.

É isso que eu estou querendo dizer. Só que para chegar a isso é preciso amar a Deus acima de todas as coisas. Se viver no individualismo, jamais vai receber esses pensamentos dos espíritos.