Preparando-se para viver - texto

O momento contrário e o sentir-se contrariado

Participante: a partir do que o senhor disse, preciso lhe perguntar como viver essa vida sem sofrimento? Digo isso porque sofrer é uma condição normal nossa, nascemos para isso. Portanto, como não viver em contrariedade?

A resposta é simples: preparando-se para viver.

O problema é que vocês não se preparam para viver. Durante as suas existências, vão a uma escola, a uma faculdade e outros cursos para se preparem para o lado material da vida, ou seja, se formarem, conseguirem uma boa carreira e com isso ganharem mais dinheiro. No entanto, não frequentam uma escola que lhes prepare para vida no sentido emocional.

Nesse mundo não existe um curso que lhes ensine a viver emocionalmente os momentos da vida. Não existe um curso que lhes ensine a viver sem contrariedades. Por isso passam pelos acontecimentos vivenciando-os dessa forma, já que todas as existências possuem acontecimentos que são encarados com contrariedades.

Toda vida humana tem contrariedades: nisso eu concordo com você. Agora, ao criar estes acontecimentos, será que a vida torna obrigatório que você se sinta contrariado? Eu diria que não ... No meu modo de ver, a vida pode criar momentos que serão contrários aos seus interesses, mas nem por isso precisará sentir-se contrariado.

O que fazer para não viver a contrariedade? Estar preparado para viver estas situações.

Participante: no meu caso, ultimamente estou acostumada a sofrer. Estou acostumada a passar por situações negativas. É tão normal me acontecerem coisas ruins. Quando acontece algo bom é surpresa. Por isso, já estou desesperançada. Isso é se preparar para viver?

Não, isso não é preparar-se para viver, mas apenas viver.

Passar por muitas situações onde as coisas dão errado até o ponto de tornar-se apático com o sofrimento não é se preparar para viver, mas uma forma de sofrer. Preparar-se para viver é estar apto a vivenciar diversos momentos onde as coisas não estão de acordo com os seus anseios (contrariedade) e não sentir-se contrariado.

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra. Uma coisa é querer que essa toalha fosse verde, por exemplo, mas ela ser branca. Isso é um acontecimento da vida que é contrário ao que desejava, uma contrariedade. Outra coisa é sentir-se contrariada porque a toalha não é da cor que gosta.

Você pode viver o momento em que os acontecimentos do mundo são contrários ao seu desejo sem deixar que a contrariedade seja o seu padrão emocional naquele momento. Como? Não optando pela contrariedade...

Você só se sente contrariada porque a toalha não está da cor que quer porque opta em viver emocionalmente desta forma. Faz isso porque não está preparada para viver o estar com a toalha na cor diferente do seu anseio. Se estivesse preparada para isso, não importa qual seja a cor dela ou a que queria não se sentiria contrariada.

Compreendeu a diferença entre as coisas? Nós vamos andar na nossa conversa e aí você entenderá melhor o que estou dizendo...

Participante: tenho dificuldade de entender quando é o ego que está falando sobre a toalha e quando sou eu mesmo.

Sempre será o ego que lhe dirá qualquer coisa, pois tudo o que lhe é consciente é ele que fala. Você só fala algo quando concorda com o que é dito pelo ego.

Participante: então, a diferença é muito sutil?

Sim, é muito sutil. Na hora que o ego disser que a toalha é feia, você tem que dizer a ele que não sabe se realmente é para poder ter alguma voz que seja mesmo sua. Se não disser, estará aceitando tacitamente o que o ego lhe diz.

Apesar de ter lhe respondido, digo que não é por esse caminho que quero conversar agora. Quero falar a partir da sua conversa com aquilo que lhe vêm à mente. Esqueça neste momento questões sobre ego, espírito e você.

Vamos adiantar a conversa e você compreenderá melhor o que estou falando.