Influência oculta dos espíritos

O melhor para o espírito

“491. Qual a missão do Espírito protetor? A de um pai com relação aos filhos; a de guiar o seu protegido pela senda do bem; auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida”.

Ele tem a função de um pai.

Um pai é aquele que manda o filho para a escola, que o acorda de manhã cedo para trabalhar, além de dar todo apoio. Vamos dizer assim, apesar de não gostar da palavra bem, porque não existe nem bem nem mal: o pai é aquele que dá toda a orientação para o filho percorrer a senda do caminho a Deus.

Participante; Isso indicaria que não seriam regras para melhora de conduta moral?

Regras físicas, material, para atos? Não, ele não pode segui-las, porque não existem regras para atos. O ato não existe por ele mesmo, mas existe pela sua essência.

A regra que o espírito protetor segue é a universal. Ela diz o seguinte: se quiser se elevar, você precisa amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Essa é a regra universal, o resto foi criado por individualidades. É essa regra que o espírito protetor lhe ajuda a cumprir.

O amor ensinado por Cristo é a única regra universal, pois todas as outras mudam ao longo dos anos. Uma regra para ser divina, tem que ser universal, ou seja, servir para todos e ser eterna, nunca se mudar. Nenhuma regra de ato humano atende a esses requisitos.

Participante: sem o espírito o ser humano nada é. É o espirito que da vida de relação. Por isso, protegendo a um ele protege ao outro.

Não.

O espirito é o espírito. O espírito humanizado é aquele que se considera ser humano. Por isso é que em O Livro dos Espíritos se usa os temos alma e espírito e, inclusive, se usa grafias diferentes para o espírito. Existe uns que são grafados com ‘e’ maiúsculo e outros com minúsculo. O primeiro é o liberto da materialidade; o segundo é o individualista.

O espírito humanizado é um ser, mas um ser numa condição especial: ele está humanizado. Estar humanizado quer dizer que se passa a viver com uma outra consciência, uma consciência ditada pelo ego.

O espírito fora da carne vive na consciência espiritual; aquele que está na carne vive na consciência ditada pelo seu ego.

Participante: não deixa de ser espírito.

Não, ele não deixa de ser espírito e é por isso que o companheiro luta por ele, ou seja, pela realidade espiritual, pela verdade espiritual, pela eternidade espiritual.

O companheiro não se prende aos efêmeros desejos que esse espírito nutri enquanto humanizado. É isso que eu estou querendo dizer. Por exemplo, digamos que para a sua elevação espiritual, o melhor é se separar da mulher. O ser companheiro vai provocar a separação, ao invés de querer manter o casamento porque você gosta da sua mulher.

Participante: então, podemos jogar fora os dez mandamentos? São todas leis morais.

Mas, os dez mandamentos, como vocês conhecem, já foram jogados fora por Cristo.

Ele disse: eu vim dar um novo sentido a lei. Esse novo sentido é ame para não matar, ao invés de se entender apenas não mate. Há uma diferença muito grande entre uma coisa e outra. A lei como vocês entendem, é cumprida por obrigação e por medo da reação. O novo sentido dado pelo mestre é o de amar para não fazer.

Então, ame para não matar, para não roubar, etc. Observe a diferença entre uma coisa e outra. Não se trata de não roubar porque é proibido, mas sim de amar para não roubar.

Na hora que você alcançar a consciência amorosa da ação, deixar de fazer por amor e não por medo ou por obrigação, não há mais necessidade de lei. Isso porque naturalmente não fará.

Só que enquanto você estiver apegado à lei não alcança a consciência amorosa. Continua não fazendo porque é proibido e porque tem medo da penalidade embutida na lei e isso não tem valor algum para o universo.

Participante: mas se não seguimos as leis, expiamos.

Não. A expiação é resultado do não seguir a lei de Deus e não a lei material;

A lei de Deus é clara: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Por isso, a expiação ou carma surge quando você ama a si acima de Deus e dos outros. Nesse momento gerou uma negatividade para o universo, que eu prefiro chamar de individualismo, que terá que expiar.

Participante: com relação ao que o senhor falou, quando se ama não se mata, pergunto: e os que matam por amor?

Matam por amor a si e não ao próximo. Isso é individualismo.

Quem mata o próximo porque se sente ferido, ama a si acima do próximo. Sendo assim, não mata por amor. Mata por vaidade, por egoísmo, por todos os individualismos que são chamados de amor. Isso não é amor, é posse. Possessão, ou melhor, obsessão.

Participante: tivemos um estudo em que o senhor falou que às vezes se mata por amor sim. No caso foi dito: se uma pessoa precisar morrer em uma determinada morte, quem que ele vai escolher para fazer isso? Um amigo. Portanto, esse amigo encarna para cumprir essa tarefa por amor ao outro.

Perfeito, só que não foi o sentido da pergunta que acabou de me ser feita. Ela está se referindo ao amor material: marido que mata mulher porque a ama demais e tem medo de perdê-la. Foi nesse sentido que eu respondi.

O amor a que você se referiu foi o universal, que foge muito a compreensão de vocês que estão presos ainda à morte como algo terrível, quando ela é uma coisa natural da existência carnal. Mais ainda: a morte é uma necessidade espiritual, pois o espírito só voltará à sua consciência espiritual no momento em que desencarnar.

Participante: a regra é não matarás. Qualquer coisa diferente será transgressão a regra que vem de Deus.

Então, coloque Jesus Cristo no inferno. Ele matou uma figueira. Pior: a matou por não dar fruto numa época que não era para dar.

Por isso, coloque Jesus Cristo no inferno. Ele sentou o chicote no lombo dos comerciantes que estavam negociando no templo.

Coloque Jesus Cristo no inferno porque ele e vocês que se apegam ao poder coercitivo das leis bíblicas, mas descumprem a lei de Moisés sobre o sábado, o dia que deve ser dedicado ao Pai. Tanto ele como vocês comem e realizam trabalhos nesse dia.

Se você se apega à lei de Moisés, jogue Cristo no lixo. Aliás, Paulo nos pergunta: se Moises já tinha trazido a lei, o que o Cristo veio trazer? O próprio Cristo responde: um novo sentido para a lei. Esse sentido é o amor.

O amor não estava presente no Velho Testamento. Naquela época se ensinava o temor A Deus. Por isso Cristo, que ensinou o amor, deu uma nova interpretação a todo o Velho Testamento.

Participante: vou repetir a primeira pergunta para o senhor entender: a regra é não matarás. Qualquer coisa diferente será transgressão a regra que vem de Deus. Então, não se pode nem pensar em matar por amor e nunca Deus permitiria a encarnação de alguém somente para matar outrem.

Volto a repetir: vocês têm medo da morte. Por isso querem arrumar um jeito de evita-la. Mas, se um espírito, por carma, precisar morrer de um jeito, essa será um motivo de júbilo e não de sofrimento. Morrer do jeito que é preciso, viver a minha expiação, mesmo que seja assassinado, é uma festa para o espírito.

Em O Livro dos Espíritos está escrito: Deus sabe a hora e o modo que cada um vai morrer. Se existe alguém que morre assassinado, pergunto: como é que Deus não permite que isso aconteça? Ou será que nesses casos a Onipotência não teve potência para fazer valer aquilo que achava necessário?

Desculpa, a sua visão sobre o assunto deve-se a prisão à vida material. Você é um espírito, por isso lute para sair da matéria ao invés de querer grudar-se à ela. Se não fizer isso, vai ficar preso no planeta. Todos nós somos espíritos, temos que viver para Deus, para o mundo espiritual e não para a regra material. Temos que viver para o que Cristo ensinou e não para o que a religião ensina.

Participante: respeito os seus argumentos, mas vou me opor a eles, porque senão tenho que jogar fora a seguinte afirmação: Deus é soberanamente justo e bom.

Ele é tão justo e tão bom que dá a morte que você precisa para a elevação espiritual ao invés de se prender ao capricho de lhe manter preso na Terra tendo prazer, quando isso custa a sua evolução espiritual.

O problema não é o que se fala, mas como entendemos a vida. Eu entendo a vida encarnada como um campo de provas para o espírito buscar a sua elevação espiritual. Você está compreendendo-a como a melhor coisa que pode acontecer para o espírito.