Síndromes da vida

O critério utilizado para a aceitação

Esta, portanto, é a primeira síndrome que estamos vendo: a síndrome da aceitação. É ela que gera os padrões de certo e errado que os seres humanos vivenciam e cria uma obrigação de segui-los. Para isso se utiliza de uma pretensa necessidade de ser aceito pela coletividade.

Esta é, em resumo, a síndrome da aceitação, mas, ainda quero falar mais um pouco sobre a questão da aceitação para vocês entendam bem a questão da forma como a vida se relaciona com os outros.

Ela lhe dá a idéia de que é necessário que os outros lhe aprove. Mas, em que base ela busca esta aprovação?

Participante: dentro das suas próprias verdades...

Isso. A vida lhe cria a idéia de que você precisa que os outros lhe aprovem, mas quer que eles usem nesta aprovação as suas verdades e não as dele.

Participante: que coisa louca...

Sim, como já disse a vida é louca. Querem um exemplo do que estou falando?

Participante: sim.

Diga-me uma coisa: a esposa se arruma para quem? Para o seu parceiro. Com que roupa que? A que ela gosta...

A mulher diz que se arruma para o marido, mas faz isso usando a roupa que ela gosta? E ele? Ele tem que achar que aquela roupa é bonita.

A mulher se veste dentro do gosto dela e o parceiro é obrigado a aceitar aquele gosto. Ou seja, ela exige que ele abra mão do seu próprio gosto e utilize o dela para aprovar o que ela está fazendo...

Ela se veste para ele, mas se ele não gostar da roupa que ela escolheu, a briga é certa. Ao invés de pedir desculpa por não ter se arrumado dentro do gosto dele, apesar de dizer que se arruma para ele, a mulher ainda o culpa por ser insensível, de não lhe dar apoio, por não ligar para ela.

Se a mulher dependesse mesmo da aprovação do marido, se quisesse mesmo se arrumar para ele, caso ele não gostasse da forma como ela está vestida, deveria pedir desculpas e perguntar a ele que roupa deveria colocar, não é mesmo?

Participante: é mesmo, quando o marido não gosta do que nós fazemos para ele, fazemos uma chantagem para que ele lhe aprove. Eu digo que fiz um bolo para você e ele não gostou.

Pois é, antes de fazer o bolo você perguntou se ele queria um bolo com aquele sabor?

Participante: Joaquim, eu estou estupefata. Nós ainda temos jeito?

Claro, pois isso não é você quem faz, mas sim a vida. O que você precisa fazer não é mudar a forma como a sua vida vive, mas sim mudar a forma como convive com o que ela cria.

O que você precisa não é agir de outra forma, mas compreender que não pode atribuir a ele culpa pela forma como ele reage. Apesar de dizer assim, afirmo também que não deve se culpar pela forma como a sua vida age.

Estou usando este exemplo, que é clássico no relacionamento entre duas pessoas, para vocês possam ter uma arma para desqualificar os argumentos que a vida cria para que optem por determinada postura emocional. Longe de mim a idéia de criticarem a forma como agem.

Quando mostro a forma como as mulheres agem – e os homens também – não estou fazendo isso para criticar ninguém. O que quero é apenas mostrar a vocês o que está por trás de uma ação corriqueira. Mostrando, estou lhes dando uma arma para que da próxima vez que as suas vidas cobrarem a vivência da culpa dele não viva isso.

Sei que apesar de terem me ouvido hoje falar isso, na hora que seu marido não gostar do que vocês estão vestindo, as suas vidas ainda dirão que ele não gosta mais de você e que por isso deve sentir-se mal com relação à ele. Neste momento, usem o argumento que lhes passei para que não vivam a culpa dele.

Participante: o senhor está falando isso para que deixemos de ser hipócrita...

Mais: deixar egoísta...

Os seres humanos são egoísta porque só querem vestir o que querem e ainda por cima exigem que os outros aprovem a sua escolha.

Participante: e a se a mulher vestir a roupa que o marido quer, mesmo contrariada.

Aí será uma nova vida, um novo momento com novas proposições para as quais precisamos conhecer novas síndromes para escapar do que a vida está propondo. Por isso, não se preocupe com isso agora.

O que estou querendo mostrar com este exemplo é que a sua dependência não é do outro, mas de depender da aceitação dele aos seus padrões de certo e errado. É isso que você precisa conscientizar-se agora.