Bem aventurado - Mateus - conversa 03

Jesus e o jejum

Então os discípulos de João Batista chegaram perto de Jesus e perguntaram: Por que é que nós e os fariseus jejuamos muitas vezes, mas os discípulos do senhor não jejuam?

Jesus respondeu: Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar tristes enquanto o noivo está com eles? Claro que não! Mas chegará o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; então sim eles vão jejuar!

Ninguém usa um retalho de pano novo para remendar uma roupa velha; pois o remendo novo encolhe e rasga a roupa velha, aumentando o buraco. Ninguém põe vinho novo em odres velhos. Se alguém fizer isso, os odres rebentam, o vinho se perde, e os odres ficam estragados. Pelo contrário, o vinho novo é posto em odres novos, e assim não se perdem nem os odres nem o vinho. (Mateus 9. 14 a 17)

Primeiro detalhe: quem fala com ele?

Participante: os discípulos de João Batista.

Perfeito. Quem era João Batista?

Participante: um profeta.

Já estudamos isso na primeira conversa. Quem foi João Batista? O precursor de Cristo.

Sendo seguidor de um precursor, isso quer dizer que aquelas pessoas estavam no mesmo caminho que os seguidores de Cristo. Aí é justo eles perguntarem: se vocês não fazem jejum porque nós temos que fazer? É essa pergunta que está sendo feita no início do texto.

Veja bem. Não é um fariseu, não são professores da lei que fazem a pergunta; são os seguidores de João Batista. Sendo assim, a pergunta carrega consigo essa conotação: seguimos o mesmo caminho (arrependei-vos que o reino do céu está próximo), mas eu preciso fazer jejum e vocês não. Por quê?

Me respondam, por favor.

Participante: há uma diferença. Os discípulos seguem o precursor João Batista. Os discípulos de Jesus seguem o Messias.

Isso não importa: os dois seguem o mesmo caminho. A diferença é que um, vamos dizer assim, começou a caminhada no quilômetro zero e o outro no dez.

Por que um precisa fazer e outro não? Porque uns fazem por obrigação, outros por querer fazer.

O que é o jejum dentro das diversas correntes religiosas? Um rito obrigatório. Por isso, aqueles que seguem as correntes que possuem o rito do jejum fazem por obrigação.

Os discípulos de João Batista achavam que precisavam fazer (obrigação) por isso deviam fazer. Já os seguidores de Cristo, aqueles que vivem com o amor incondicional, não precisam fazer, pois sentem-se livres para fazer ou não.

Trazendo isso para nosso dia a dia geral, afirmo: existem aqueles que seguem o caminho de Cristo e João Batista (o desapego das coisas materiais) como obrigação e os que seguem por amor. Os primeiros sofrem, os que fazem por amor, não. Essa é a diferença.

Aquele que quer buscar a sua felicidade não pode sentir-se obrigado a nada. Sentindo-se, a sua caminhada será vivida com sofrimento.

Então o que o Cristo fala? Que a felicidade não é resultado da vivência de qualquer coisa por obrigação, mas da entrega ao próprio caminho. É o que já conversamos: aquele que quer ganhar a elevação espiritual, que acha que precisa buscar isso, não vai conseguir nada. O que ganhará é apenas a sua própria satisfação de cumprir uma obrigação.

Participante: é a realização de um desejo. O egoísmo.

Nem pode se levar para esse lado. Na verdade é o se submeter obrigatoriamente versus uma entrega com amor.

Não adianta nada se entregar a obrigação. Fazer qualquer coisa por obrigação não leva a lugar nenhum; só ao sofrimento.