Bem aventurado - Mateus - conversa 03

Jesus e Mateus

Jesus saiu dali e, no caminho, viu um cobrador de impostos, chamado Mateus, sentado no lugar onde os impostos eram pagos. Jesus lhe disse: Venha comigo.

Mateus se levantou e foi com ele. Mais tarde, enquanto Jesus estava jantando na casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram e sentaram-se à mesa com Jesus e os seus discípulos. Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: Por que é que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e com outras pessoas de má fama?

Jesus ouviu a pergunta e respondeu: Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Vão e procurem entender o que quer dizer este trecho das Escrituras Sagradas: “Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais.” Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons. (Mateus 9. 9 a 13)

O que acham que está ensinado aí? Olha que está muito claro.

Participante: estou tentando pôr em palavras.

Pensei que vocês trabalhavam melhor com as palavras.

Participante: difícil!

Há um ditado no mundo humano que diz: diga com quem andas que te direi quem és. Por causa dele, se afastam de pessoas doentes.

A que doentes estou me referindo? Quem são os doentes que imaginam que devem se afastar para não se conspurcarem com a doença deles?

Participante. os maus falados?

Não!

Participante: os contagiosos?

Não! Aqueles que pensam diferente!

Lembro de alguém que justificou o seu afastamento de um grupo com a seguinte frase: ‘tive que me afastar porque aqui existem muitos grupinhos. Eu não vou ficar em um lugar que é assim’.

Esse não é um exemplo da forma como vocês agem? Sempre que encontram alguma desavença com aquilo que querem ou acham certo (posse e paixão) se afastam.

Como esse caso foi público e já o citei outras vezes, acho que devem se lembrar do que respondi: você perdeu uma grande oportunidade de viver com os diferentes e assim poder encontrar a sua felicidade incondicional.

É isso que Cristo está ensinando aí: aquele que é feliz, alcança essa felicidade como resultado de uma ação. Que ação é essa?

Participante: o amor.

Não: enfrentar a adversidade. Enfrentar aqueles que pensam contra aquilo que você acredita, aqueles que são diferentes, tudo o que é oriundo do relacionamento com pessoas diferentes. Enfrentar no sentido de expor-se a essas coisas sem deixar a contrariedade tomar conta do seu mundo emocional.

A felicidade incondicional aflora quando o ser enfrenta a contrariedade que a mente cria por estar junto àqueles que pensam diferente. Ela é fruto da ação de estar junto desse outro sem deixar a contrariedade dominar o seu mundo emocional.

A salvação que fala nesse texto não é para os que estão perdidos, mas para aquele que se imagina achado: você! Isso porque se você não se expõe as contrariedades, não as enfrenta, vai precisar viver em uma bolha de plástico para não sofrer.

Compreendam isso. A felicidade não será conseguida isolando-se das causas da infelicidade. Ela é resultado de um trabalho de enfrentamento do que lhe traz infelicidade. Por isso, de nada adianta fugir daqueles que não pensam da mesma forma. É muito mais rendoso conviver com esses, porque é convivendo com eles que será feliz.

Como vocês dizem, é melhor deixar a criança brincar no chão para criar anticorpos. Brincar na sujeira representa expor-se àquilo que é contrário ao que o ser pensa. Vivendo junto com a sujeira, você cria anticorpos para evitar a doença, a infelicidade.