Bem aventurado - Mateus - conversa 03

Jesus acalma a tempestade

Jesus subiu num barco, e os seus discípulos foram com ele. De repente, uma grande tempestade agitou o lago, de tal maneira que as ondas começaram a cobrir o barco. E Jesus estava dormindo. Os discípulos chegaram perto dele e o acordaram, dizendo: Socorro, Senhor! Nós vamos morrer!

Por que é que vocês são assim tão medrosos? — respondeu Jesus. — Como é pequena a fé que vocês têm!

Ele se levantou, falou duro com o vento e com as ondas, e tudo ficou calmo. Então todos ficaram admirados e disseram: Que homem é este que manda até no vento e nas ondas?! (Mateus 8. 23 a 27)

Não nos esqueçamos da existência da parábola. Como João ensina, Cristo falava por parábolas. Por isso, toda a questão do barco e da tempestade, são fictícios.

Participante: acho importante frisar isso. Pelo menos do meu ponto de vista anterior, as parábolas eram só aquelas onde Jesus não estava envolvido. O resto eram fatos históricos. .

Não, tudo é parábola. O importante é a palavra de Cristo. Nesse texto, qual é?

Por que é que vocês são assim tão medrosos? — respondeu Jesus. — Como é pequena a fé que vocês têm!

Esse ensinamento fica bem claro e nem precisa que faça comentários: fé e medo são coisas antagônicas. Quem não tem fé tem medo; quem tem medo não tem fé.

Isso é o que Cristo está ensinando, mas a parábola pode nos levar a tirar mais algumas conclusões. Olhando a história fantasiosa, o que será que podemos compreender?

Participante: as ondas são as vicissitudes que vamos passar?

Sim.

Participante: temos que enfrentá-las e acalmá-las.

Sim.

Participante: para isso ele fala duro com o vento e com as ondas. .

Fala duro; sim ele faz isso. Vamos ver essa questão, então.

O que é falar duro? Ser positivo. Fale duro com o vento e com as ondas da sua vida: seja positivo com as vicissitudes que acontecem na sua vida. Você faz isso?

Participante: sim. Quando percebo, sim.

Você vai contra as ondas e os ventos, as necessidades, que a sua vida traz?

Participante: não. Eu lamento, me sinto incomodado, mas não enfrento positivamente minhas vicissitudes.

Mas, precisa Ir contra.

Ir contra as vicissitudes e falar duro com relação a elas: ‘eu não aceito o vento nem a onda que a vida está me colocando. Não aceito o que esse vento e essa onda vai fazer na minha vida no tocante as emoções. Não aceito a ideia de desgraça que a vida está me propondo’.

Ir contra não é tentar resolver o problema, mas acalmá-lo: não deixar a proposição emocional que segue a vicissitude ser o seu estado de espírito.

Participante: quando percebo eu faço.

Veja, você me ouve algum tempo. Por isso percebe a onda e tenta acalmá-la. Mas, a maioria quando percebe o que faz?

Participante: fica com raiva, se lamenta, não aceita.

Não, não é isso. O que os seres humanos fazem quando surgem as vicissitudes na sua existência? Entregam-se ao medo! Aliás, foi o que fizeram as pessoas que estavam no barco: entregaram-se ao medo ao desespero: ‘e agora? Eu vou morrer, eu vou morrer’!

Participante: igual o Chico Xavier no caso do avião.

O participante refere-se a um caso contado por Chico Xavier. Ele dizia que esta em um avião quando ele começou a sacudir muito. As pessoas começaram a gritar e chorar muito alto pelo medo. O médium mineiro, então, começou a chorar e gritar também. Nesse momento, segundo ele, Emanuel entrou na aeronave e perguntou o que estava acontecendo. Chico falou: ‘o avião vai cair’. O mentor perguntou: ‘e daí?’ Chico falou de novo: ‘e daí que nós vamos morrer’. O mentor, então, deu o ensinamento: ‘está certo, você vai morrer. Mas, pelo menos morra com dignidade: pare de gritar no meu ouvido’.

Sim, é isso que está escrito aí. Mas, quero aproveitar a oportunidade e deixar uma coisa bem clara: o resultado exercício da fé não é salvar a vida. Qual é?

Participante. o resultado da fé?

Sim. O resultado de falar duro contra as ondas e ventos.

Participante: falar duro contra elas é negá-las.

Não, não falei em negar nada; disse: não aceitar.

Não se trata de negar a situação ou o próprio perigo que ela traz. ‘Eu sei que essa onda vai trazer um estrago grande para minha vida, mas não aceito que esse estrago seja algo sofrível’.

Ser bem aventurado não é negar. Pelo contrário: é ter plena consciência de que aquela situação vai causar um grande problema na sua vida, mas ainda assim aceitar o problema sem aceitar a ideia que se deve sofrer por conta da presença dele.

Não é negar a onda ou o vento: é falar duro com ela: ‘você vai causar estrago, mas não vai me derrubar, não vai me matar, não vai acabar comigo, não vai me tirar da trilha da felicidade’. É isso que é ser duro. Não é negar que exista uma onda. ‘Sim ela existe, está ali e estou bem consciente do que pode causar, mas não vou aceitar que ela seja capaz de ferir a minha confiança em Deus, que é o que traz a felicidade’.

É isso que está ensinando e por isso diz:: ‘que fé que vocês têm? A primeira ondinha se entregam e morrem de medo? Ficam com pavor, caem no sofrimento? Fale forte com ela. Enfrente-a’!

Sabe, é preciso falar duro com as ondas. Fazer isso é não fazer firula, racionalizar uma saída, mas enfrenta-las com autoridade. Essa autoridade surge quando se segue o ensinamento. Porque Cristo tinha autoridade com as ondas? Porque pratica o ensinamento. Se você praticar, também terá. Compreendeu?

Participante. não é escapar das ondas, é vivencia-las com fé.

Com autoridade sobre ela. Isso é a fé.

Me fale de uma situação da sua vida onde se borra de medo.

Participante: medo numa batida de carro.

Não estou falando de medo de morrer. Isso deixe para depois porque ainda não tem autoridade suficiente para enfrentar.

Digamos, medo de alguém descobrir uma coisa que você fez e ameace falar com outras pessoas. Aí você vem aqui para falar comigo e pedir ajuda. O que eu respondo? ‘se falar falou, se não falar, não falou.

Enfrente com autoridade a situação (o medo de alguém colocar em público algo que fez e não queria que outros soubessem). Diga a si mesmo: ‘eu fiz aquela droga, aquela besteira. Na hora achei que era o melhor, mas acabou não sendo. Pronto, acabou! Se aquela pessoa descobriu, se vai tornar público, não tenho como evitar isso. Tenho que enfrentar essa situação com autoridade e não deixar a onda me encobrir’.