Síndromes da vida

Infidelidade

A infidelidade só existe em qualquer nível quando não há uma harmonia entre duas pessoas. Quando isso ocorre? Quando uma pessoa acha que tem que mandar no outro, quando um acha que tem que impor a sua vontade ao outro.

Vendo por este ângulo um acontecimento que espelhe uma infidelidade, pergunto: de quem é a culpa da infidelidade? De ninguém... A vida de cada uma age de acordo com a forma que tem que agir. Por isso, ninguém tem culpa pelo que acontece.

O que vocês precisam entender é algo que já falei anteriormente: toda relação entre dois seres humanos é uma disputa para levar vantagem obre o outro... Isso porque todo ser humano está sempre preocupado em usar o outro para ter prazer, para alcançar uma vitória.

Eu lembro uma palestra onde estava falando de respeito, de respeitar o próximo. Uma pessoa, que nunca tinha nos ouvido, me perguntou: ‘e quando o outro me desrespeitar, o que faço’? Eu respondi: respeite o direito do outro lhe desrespeitar.

Quando o seu marido brigar com você, respeite o direito dele fazer isso. Respeite o direito de ele gostar de uma coisa diferente de você. Isso é ceder. Mas, quando você retruca querendo ensinar o certo, não respeita o direito de ele gostar de uma coisa diferente e não cede em nada.

Participante: mas, quando vejo eu já retruquei.

Mas, isso é vida...

A vida pode até ser discutir com ele sobre alguma coisa, mas depois quando estiver conversando consigo mesmo, argumente com a vida: ‘você está querendo que eu o sinta culpa como culpado, mas o culpado foi você. A culpa é sua porque não se preocupou com o que ele gosta ou quer’...

Como disse, o que é preciso é que você tenha argumentos para desqualificar o sofrer que a vida está lhe propondo. Só que quando você desqualifica uma proposta de sofrimento a vida vem com outra. Quando conseguir desqualificar a culpa do outro, com certeza a sua vida lhe dirá que o culpado foi você. Aí você precisa agir novamente. Para não sofrer esta culpa diga a ela: ‘não sou culpada pois foi você quem criou tudo isso’.

Participante: uma vez o senhor disse que devemos dar ao outro o direito dele fazer o que quiser, até estuprar ou matar, se quiser. No início eu relutei contra esta idéia, mas na verdade é isso mesmo. Só que na prática isso dói.

Porque na prática acontecimentos deste tipo dói? Porque estes acontecimentos são contrários ao que a vida classifica como certo. Voltamos ao início da nossa conversa de hoje e com isso constatamos a presença de todas as síndromes que já vimos.

Como já disse, se você for a fundo em uma questão da vida encontrará a presença de todas as síndromes ao mesmo tempo.

Participante: é que depois da síndrome do todo poderoso vem sempre a culpa.

Sim, a síndrome do todo poderoso, a suposta capacidade de agir, está sempre presente, pois o ser humano sempre imagina que alguém ou ele mesmo agiu de determinada forma porque quis.

Uma coisa que não tinha dito quando falei da síndrome do todo poderoso: ela se aplica aos outros, ou seja, a vida explora a idéia de que o outro pode agir da forma que ele quiser.