Emoções

Emoções e sentimentos

Se a reforma íntima, portanto, se constitui em crucificar a natureza humana com a qual o ser convive durante a encarnação, é preciso mergulhar no seu íntimo para conhecê-lo e reformá-lo. Neste mergulho encontraremos as emoções que surgem no dia a dia do ser encarnado. Elas pertencem à natureza humana e por isso, precisam ser conhecidas, quer quanto à sua origem quanto à sua natureza, para que possam ser reformadas. Será isso que vamos fazer nesta conversa...

Mas, antes de conhecê-las é preciso separar o joio do trigo, as emoções dos sentimentos...

Ao longo de nossas conversas sempre distingui a emoção do sentimento. Disse que sentimento é um elemento espiritual que é vivido pelo ser universal e que a emoção é um elemento material vivido pelo ser humanizado. Para distinguir uma coisa de outra disse que o sentimento não possui razões que justifique a sua existência enquanto que a emoção é gerada a partir de uma razão. Para entender melhor esta questão tomemos como exemplo o sentir raiva de alguém ou de alguma coisa.

Porque você sente raiva de alguém? Porque ele agiu de uma forma que você não gosta. Quando a sentiu? No momento em que percebeu o que o outro fez. Ou seja, isso que vocês chamam de sentimento, na verdade não o é: trata-se de um subproduto do pensamento. Esta raiva é criada racionalmente porque determinadas condições mentais foram alcançadas.

Esta é a diferença entre sentimento e emoção. O sentimento não possui sujeito que é destinado a recebê-lo, nem razões para existir; a emoção é direcionada a um alvo determinado e sustentada por informações racionais.

Participante: medo, por exemplo, é então emoção racionalizada?

Para que possa entender perfeitamente o assunto, lhe faço uma pergunta: qual o único sentimento que existe realmente no Universo? Amor... Como já disse antes, Deus é Único e Uno e, por isso, não pode produzir variedade de coisas...

No entanto, amor é apenas um nome terrestre que se utiliza para se falar do sentimento do universal. Quando me refiro a este sentimento não estou falando do amor que os humanos conhecem, que é emoção, pois é fundamentado em razões. Estou falando de algo que é incompreensível a vocês.

Amor é apenas um nome que se estabeleceu para identificar-se o sentimento universal. Isto porque o amor Real é aquele que Cristo ensinou e este não pode ser compreendido pela razão.

Portanto, se só o amor é real, qualquer outra coisa que vocês chamem de sentimento é racional, é emoção. Só aquilo que acalenta o coração sem razões que o explique é sentimento.

Participante: como podemos diferenciar sentimentos dos seres universais dos humanizados?

Os sentimentos dos seres humanizados começam sempre com um ‘eu’: eu gosto, eu sei, eu quero...

Já o sentimento do espírito universal, para vocês, é um nada. Isto porque o sentimento nutrido pelos seres libertos da humanização não possui identidades (querer, gostar, saber) e nem variações que podem ser compreendidas pelo ser humanizado. Ele é sempre único, uno e estável... O espírito universalizado não se exalta, não se contraria, não gosta, não quer...

Só para você compreender o que é o sentimento que o espírito nutre, usarei uma palavra de vocês para defini-lo: indiferença. O sentimento que o espírito no gozo de suas faculdades espirituais sente é a indiferença. Falo isso, porque aquele que não é indiferente às coisas ou vivem no êxtase do prazer ou na depressão da dor e o espírito é sempre equânime. É esta equanimidade que estou chamando de indiferença. O ser liberto da humanização não se exalta nem se deprime. Ele está no meio, percorre o caminho do meio. Ele não gosta nem desgosta, é apático, indiferente às coisas.

Então, seria isso. Este é o sentimento do espírito. Quando para você qualquer coisa não mexer com suas emoções, sentiu como espírito... Neste momento terá crucificado a sua natureza humana e promovido a reforma íntima emocional.