Bem aventurado - Mateus - conversa 03

É preciso conviver com os pecadores

Vão e procurem entender o que quer dizer este trecho das Escrituras Sagradas: “Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais.”

Usando o ensinamento de outra parte da Bíblia onde Deus fala que ‘não quero que me ofereçam sacrifício, mas que seja bom’, está dizendo: o que adianta conviver só com aqueles que fazem exatamente o que você quer? Isso não traz nada novo, essa vivencia não acrescenta nada na sua espiritualidade, não lhe enriquece de modo algum.

Porque isso? Porque o ser não testou a sua capacidade de enfrentar chuvas, a sua capacidade de enfrentar os ventos: as contrariedades. Ele simplesmente fugiu o tempo inteiro da reforma individual. ‘Ah, hoje o tempo está ruim, por isso nem vou embarcar’.

É isso que o mestre está dizendo: você não pode querer viver somente entre aqueles que considera certo, bom, porque isso não tem a menor valia para a sua encarnação.

Participante: não quer passar pelas suas provas.

Há uma frase em O Livro dos Espíritos que diz assim: ‘se você não fez o mal, mas também não fez o bem, nada fez’. Mais do que não conseguir vencer a prova, nem se expôs a ela. Por isso nada fez.

Portanto, o que está sendo abordado nesse texto é que o ser humanizado precisa conviver com todos, mas principalmente com aqueles que são contrários. Isso é necessário pois quando vive com as pessoas que são contrárias, que não pensam igual, não está fazendo nada por si mesmo nem pelos outros. Na hora que se convive com uma pessoa diferente em harmonia e paz, o ser está ajudando a si mesmo e a essa pessoa também.

Se pegar uma enxada para trabalhar, sabe o que vai acontecer com sua mão?

Participante: vai estourar.

Por que vai estourar?

Participante: porque não está acostumada.

Porque não está calejada.

É preciso calejar a mão para pegar na enxada: é isso que está sendo dito aí. Quando foge do convívio com as pessoas de má fama, o ser não está calejando a sua mão.

Um detalhe: não estou dizendo para você procurar as pessoas diferentes; estou dizendo para não fugir delas.

Participante: é isso que eu ia falar Joaquim. Uma coisa são os encontros fortuitos; outra coisa é questão de afinidade. Uma imagem: porque vou ficar andando só com bandido se não tenho a intenção de roubar?

Sim, porque ficaria andando com bandido se não tem intenção de roubar? Não precisa ficar andando com ele, mas não deve fugir dele. Por quê? Para testar se realmente não tem intenção de roubar.

Olha, você pode ter essa intenção e nem sabe. Pode não ser roubar o que eles roubam, mas outras coisas. Roubar, por exemplo, a verdade, a razão de alguém.

Participante. O que estou dizendo é que não vou procurar. Se o bandido apareceu, convivo com ele.

Até porque ninguém comanda seus atos.

Lembre-se sempre: não falo de atos, mas de mundo interno. O que estou me referindo é a existência no mundo interno da seguinte disposição: não ando com pessoas de má fama porque são bandidos. É isso que precisa calar dentro de você.