Preparando-se para viver - texto

Direito de agir

Sabe porque você chama alguém de bobo? Para poder ser o melhor, ter a fama, receber elogio. É isso que quero que se compenetrem agora.

As palavras que vocês usam tão facilmente – como o mínimo de limpeza, o certo a ser feito, a combinação de cores perfeita – não tem nada a ver com a própria situação humana, mas apenas com a vitória de um ser sobre o outro. Aquele que critica o próximo por estar usando roupas com combinações estranhas, não está querendo ajudar ninguém: quer apenas mostrar o quanto ele é expert no assunto e o outro um bobo.

Os seres humanos, na verdade, não estão nem aí para a limpeza da casa. Digo isso porque na hora que querem, na hora que lhes traz algum benefício, não arrumam. Na hora que eles se acham cansados, abrem mão de ter que fazer isso, mas na hora que quer limpo, todos têm que trabalhar. O que o outro quer, o que ele está sentindo, o que está pensando, isso não importa. O que importa é que querem limpo e precisam obter a vitória.

Participante: até onde o ser humano tem a liberdade para interferir na vida do outro? Por causa desse aspecto, a vida humana sempre gerará um conflito inevitavelmente.

Não gerará inevitavelmente. A relação entre dois seres humanizados só gerará o que cada um deles deixar gerar. Se você for agredido, até fisicamente, e for preparado para a vida, ou seja, sabe que ser agredido faz parte e que o outro quando agride apenas está exercendo a sua personalidade, jamais se sentirá agredido, mesmo que tenha apanhado fisicamente.

Participante: quer dizer que se a minha personalidade for agredir o outro, dar tapa na cara dele, isso está perfeito?

A nível universal, sim.

Para compreender o que quero dizer, me responda: até onde tem o direito de agir sobre o outro? Essa é a pergunta que quero que respondam. Vamos dizer que você e outra pessoa tenham uma desavença. Até onde tem o direito de reagir: gritar, brigar ou até agredir fisicamente? Até onde for a vida.

Não existe nada errado. Tudo que acontece está programado para acontecer. Por isso, aconteça o que acontecer, é o que deveria ocorrer. Por isso, digo que o seu direito vai até a ação que fizer.

Na verdade, ninguém pode ultrapassar o seu direito. Se chegar ao ponto de enfiar a mão na cara de alguém, como acabou de dizer, é porque esse era o seu direito. Esse direito é fruto da programação da encarnação sua e dele.

Na verdade, ninguém nunca conseguirá extrapolar o que está previsto para acontecer. Como essa previsão é o que acontece, nem mais nem menos, isso quer dizer que o que fizer é o direito que tem de ação. Isso vale para você e para todos os outros.

Participante: então, isso é passível de acontecer ...

Não, isso não é passível de acontecer: isso é o que acontece. A vida de vocês é uma encenação de provações que foram combinadas entre vocês e os demais antes da encarnação.

Participante: mas as pessoas que eu agredir não terão essa compreensão.

Não, não terão. Para que? Para que elas tenham a oportunidade de vencer a ideia da existência de um culpado de agressão ou não. Por isso é uma provação.

Participante: e o perdão?

Perdão não existe para vocês. Não sabem o que é perdoar.

Perdão para vocês é dizer-se muito bonzinho e por isso não castigará o outro pelo que fez. Só que isso nada tem a ver com perdão, mas trata-se de um ato de vitória individual.

Perdão é o que Cristo ensinou: Pai, perdoa porque eles não sabem o que fazem. Se não sabem o que fazem, não estão agindo errado. Por isso posso dizer que perdoar é nem ver erro. Quem não vê erro no que os outros fazem, que motivo teria para perdoar?

Como só buscam o perdão quando veem algo errado, não posso dizer que são capazes de perdoar.