A dinâmica do não sofrimento

Deixando de sofrer com a mudança interna

Participante: A não identificação com o problema seria uma sa-ída? Descobrir a razão do sofrimento seria útil?

Descobrir a razão do sofrimento não é apenas útil: é a única maneira que você tem para sair da roda do sofrimento.

Para se sair da roda do sofrimento é preciso descobrir a raiz do sofrimento, que é sempre uma verdade sua que foi contrariada. Por isso disse que é preciso olhar para dentro para alcançar o esta-do de não-sofrimento. É preciso olhar para você porque, na verda-de, é você quem está se sentindo contrariado.

Participante: Sou adotada e desde pequena as pessoas me ofenderam usando esta realidade. Hoje vejo que elas só conseguiram me ofender porque eu tinha dentro de mim que isso era uma ofensa. É por aí?

É exatamente isso. Você não queria ter sido adotada, mas sim ser filha legítima de sua mãe. Quando as pessoas tocavam neste ponto, que para você era nevrálgico sentia-se ofendida.

Na verdade sempre foi você que se sentiu ofendida e não os outros que a ofendia. Lembre-se: a intenção nunca está no outro, mas sempre em você mesmo.

Participante: Ninguém ajuda ninguém e ninguém prejudica nin-guém. É isso?

Sim... Ninguém ajuda ou prejudica o outro: só você pode se ajudar ou se prejudicar. Aliás, quando você cede ao sofrimento sempre acaba se prejudicando...

No nosso grupo, por exemplo, havia uma pessoa que estava mandando mensagens demais e com um conteúdo não vinculado ao nosso. As pessoas começaram a reclamar do volume de men-sagens do grupo. Só que para fazer esta reclamação, mandaram mais e-mails. A pessoa que estava mandando as mensagens res-pondeu a cada um destes e-mails querendo provar que tinha o direi-to de mandar quantas mensagens quisesse. Os que estavam inco-modados responderam a esta resposta com mais mensagens.

Conclusão: os que estavam reclamando da quantidade de mensagens acabaram recebendo o dobro ou o triplo do que recebe-riam se apenas aquela pessoa colocasse suas mensagens... Se estas pessoas tivessem apenas deletado aquilo que não quisessem ler, teriam recebido muito menos mensagens.

Esta é a questão do não-sofrimento: se ao invés destas pes-soas se sentirem como sofredores por terem um monte de e-mails nas suas caixas e tentarem estancar a entrada de uma quantidade grande de mensagens – ou seja, tentar mudar o externo – elas ape-nas deletassem o que não queriam ler, não teriam sofrido.