Volume 01

Carmas humanos

• Carma é a reação a uma ação, instrumento na qual a lei de causa e efeito se utiliza para agir. O carma é o efeito gerado por uma causa, é a exata colheita do que foi plantado, não está vinculado a prazer ou dor, mas está simplesmente respondendo a alguma coisa que foi anteriormente feita pelo ser universal. Carma é a própria vida, cada um dos momentos da vida, de uma existência do ser universal, seja ela na carne ou fora dela.

• O ESPÍRITO DA VERDADE AFIRMA: “TUDO O QUE ACONTECE DURANTE A EXISTÊNCIA CARNAL DE UM ESPÍRITO, É FRUTO DE SUA ESCOLHA ANTES DE ENCARNAR.”.

• Cada coisa que você toma conhecimento, cada compreensão que toma de uma leitura, cria um carma. Toda leitura deve lhe servir para destruir alguma coisa, sem criar nada novo, neste caso, ela não gerou carmas.

• Tudo é ilusão, querer viver é uma ilusão, porque a vida transcorre sem que você tenha comando sobre ela.

• O egoísmo é a mãe de todos os males. Toda compreensão que um ser humanizado alcança, é formada a partir do “eu” (eu acho, eu sei, eu gosto, eu faço, eu quero); toda realidade que o Espírito encarnado vive, é criado a partir de um saber individual; toda compreensão que um ser humanizado tem, é individualizada.

• Como vencer o carma? Para vencê-lo, é preciso vencer você mesmo, ou seja, vencer as compreensões individualizadas e egoísticas que tem sobre as coisas (pessoas, objetos e acontecimentos) da vida carnal, isto porque, para compreender qualquer coisa, o ser humanizado só parte do que acha que sabe, ou seja, o que já tinha consciência formada anteriormente, todo carma, então, se fundamenta no “eu”, sendo assim, todo carma é uma proposição de prova para você se libertar deste “eu” que está vivendo, pois ele é individualista, enquanto que aqueles que estão próximos de Deus são universalistas. Este “eu” é o José, a Maria, ou seja, o ser humano, a personalidade humana que você imagina ser. O gênero de provações contra o uso do egoísmo é, primariamente, o gênero de provação no planeta Terra.

• Há três tipos de posses que surgem pela ação egoística com a qual se fundamenta o ego:

o POSSE DOS ELEMENTOS MATERIAIS (É MEU): é uma prova para o seu egoísmo de achar que alguma coisa é sua (é um carma), ou seja, é apenas um instrumento para uma conscientização, para que um carma surja, e assim, uma provação seja vencida.

o POSSE SENTIMENTAL: expressa pelas compreensões “eu gosto”, “eu amo”, “eu não gosto”, “eu tenho raiva”, tudo e todos que você gosta ou desgosta, ama ou não, são conscientizações geradas pelo ego para que surja um carma, para que uma prova seja vivida dentro de um gênero de possessão sentimental das coisas, que é o fruto da ação egoística.

o POSSE MORAL (“EU SEI”): saber qualquer coisa, declarar que conhece a verdade, ter consciência do certo e do errado, do bonito e do feio, do bom e do mal, todas estas compreensões são ações carmáticas criadas pelo ego, porque são consciências que você tem, formadas apenas pelas suas próprias verdades, fundamentadas no egoísmo (se concordam com você, estão certos, se não concordam, estão errados, são mentirosos). Vencer a sua própria opinião, a si mesmo, é o objetivo desta vida.

• O que será provar a si mesmo que aprendeu alguma coisa na erraticidade? É amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, amor incondicional e indiscriminado, para tanto, é preciso pegar a espada que Cristo e os outros mestres afirmaram que trouxeram (seus ensinamentos), e matar as compreensões (você mesmo) que o ego cria.

• O carma é uma prova de fé, a fé é entrega com confiança total e cega a Deus, é declarar-se incompetente para saber se está certo ou errado, deixando apenas com Deus a compreensão das coisas. Viver com Deus, para Ele e Nele, este é o resultado do não deixar-se guiar pelo egoísmo, expresso através das posses que são usadas pelo ego, para criar as compreensões, com isso, acaba o desejo de querer estar vivo (encarnado), de gozar a existência carnal pelos valores materiais.

• O medo da morte com o qual os seres humanizados vivem, é também um carma, ou seja, uma oportunidade para exercer a fé em Deus.

• Libertar-se do carma não é falar ou deixar de falar determinadas palavras, pois o carma não está no ato, mas em compreensões que se expressam pela razão, por aquilo que você acredita interiormente.

• A posse (material, sentimental ou moral) por um elemento específico é chamado de paixão, ou seja, posse é genérico (minha), mas a paixão é específica (casa), achar errado aquela pessoa (posse moral – achar que está certo, paixão – a pessoa).

• No Livro da Vida, o Espírito escolhe o gênero de provas (as possessões) que quer executar, e Deus, ao longo da vida, vai criando paixões para que a provação possa acontecer. Não julgar, não criticar, ensinou o Cristo, nós somos o carma dos outros e os outros são o nosso.

• Quando alcançar a plenitude do amor (não tiver mais nenhum certo ou errado), não exigirá que os outros pensem como você, neste momento, extinguiu-se a sua posse sentimental ou moral.

• Os desejos são formados pelas paixões, expressam vontades que o ego dá ao ser humanizado a partir da conscientização da paixão, ou seja, a vontade de ganhar e de não perder o objeto da paixão, a vontade de ter prazer e a de não ter desprazer a partir da vivência com o objeto da paixão, a vontade de ser considerado certo (ter fama) e a de não ser considerado errado (infâmia) por causa da paixão, a vontade de ser elogiado (reconhecido) e a vontade de não ser criticado por causa da sua paixão.

• Ter a consciência de que tudo que lhe vem à mente é um carma, tudo que o ser humanizado conhece pelo raciocínio não é Real, porque se trata apenas de uma interpretação individual, fruto do seu egoísmo.

• O trabalho de quem quer eliminar o carma, é não acreditar nas consciências que Deus forma através do ego (“tal pessoa é mal-educada”) para a sua provação, você não pode aceitar tal afirmativa como realidade (“aquela pessoa não é mal-educada”), você precisa libertar-se dessa paixão.

• Aí está a realidade final sobre o carma: tudo que lhe vem à mente, refere-se a um pedido seu, feito antes da encarnação, para provar que se libertou do egoísmo ou porque esta é a personalidade com a qual você encarnou para cumprir uma missão.

• É assim que se liberta do carma: tendo a consciência que a criação racional do ego não é uma verdade nem uma realidade, é simplesmente, um carma, estando você em missão ou provação, então, a compreensão racional de agora é a consequência (efeito, carma) de uma causa, ou seja, o pedido feito em um momento anterior, para vivenciar uma missão ou provação. Tudo o que se conscientiza (vem a sua mente) é aquilo que veio a esta existência para se libertar, se libertar, não no sentido de deixar de ser, mas no sentido de compreender que tudo que você acha, não é real, mas apenas carma.

• Os mestres nos ensinam que não devemos ter egoísmo, posse, paixão e desejo, todas as compreensões racionais que você tem sobre qualquer assunto, estão fundamentadas nestes quatro elementos. Para libertar-se deles e de seu carma, reconheça que o que você pensa, não é certo, que o que sente, não é bom, que o que tem, não é seu. Aja com equanimidade com os elementos do mundo carnal e não será mais guiado por eles.

• Não se deve negar os sentimentos (sensações) e pensamentos gerados pelo ego, mas conviver com eles sem deixá-los influenciar, dirigir a sua existência, transformarem-se em verdades, é não acreditar (“não sei ...”), o ego diz: “a casa é sua”, conviva com isso, mas interiormente, não acredite nisso, sinta somente que você não sabe de quem é a casa, não deve sentir que a casa é sua propriedade.

• Os objetos (mesa, carro, etc.) são emanações de Deus, através da manipulação do fluido universal, necessários para a sua ação carmática, ou seja, despossuir-se desses objetos.

• Cada formação mental é uma essência de uma ação carmática ou o próprio carma, para a criação destas formações mentais, Deus emana na consciência de cada mente uma série de verdades (o gostar ou não de algo, o querer ou não, etc.), para que elas se transformem em essências, que servirão de provação ao Espírito. Sem as verdades, que estão na mente, não existiria a realidade que você imagina estar ocorrendo e, desta forma, não haveria a provação do Espírito: amar a tudo (manter-se equânime frente a qualquer história de vida criada pela emanação de Deus) ou vivenciar as ideias geradas pela mente (irritar-se com a TV estragada, cansar-se, sentir medo, etc.).Essas verdades não são reais, são ficções emanadas por Deus que caracterizam a essência do acontecimento, são instrumentos para o carma, a ação carmática normalmente é contrária aos anseios do Espírito, para lhe dar uma oportunidade de amar.

• Na prática, a interação com você mesmo, que leva a aproveitar a ação carmática como instrumento da elevação espiritual, é não dar sentido de verdade às coisas que são ditas pela sua mente, através do pensamento. A ação não deve ser no sentido de mudá-las (acreditar que é homem), mas anulá-las (“não sou mulher, mas também não sou homem, sou um Espírito, não possuo sexo”), a partir do momento que você lute para não dar credibilidade às verdades expostas pelo ego, elas se extinguirão, não terão mais verdades embutidas, que criarão padrões de ações dos outros, que definam o seu sexo, só aí conseguirá viver equanimemente e alcançará a elevação espiritual. Você tem o prazer de dizer que está certo ou tem o sofrimento de se acusar.

• Aquele que busca a Deus, a unidade com o Pai, deve lutar contra a certeza sobre qualquer coisa, sem se culpar quando não conseguir ou sem ter prazer com o que conseguir realizar.

• A ansiedade é a vontade do prazer.

• É preciso a ação do próximo para que o ego lhe envie os pensamentos, para que pratique a libertação dele, não se deixando levar pela exultação do prazer ou pela depressão da dor que lhe propõe, e mantenha-se na equanimidade. Cada vez que o ego lhe disser que aquele ser humano é amigo ou inimigo, liberte-se destes pensamentos. Todos são Espíritos irmãos.