Preparando-se para viver - texto

Ajudar os outros na sua dor

Agora pouco cortei uma pessoa que estava contrapondo ao que estava dizendo. Fiz isso não porque ela estava falando besteira, mas porque a vida começa a gerar explicações, justificativas para o que acontece.

A pessoa estava me dizendo que o que queria fazer era apenas ajudar os outros. Isso é uma mentira. O ser humanizado quer dominar sempre. Falo isso porque ninguém simplesmente ajuda o outro, já que só presta auxílio a quem quer na hora que quer. Digo isso porque na hora que o ser ver alguém passando por uma dor e não estiver disposto a ajudar, ele vira as costas e vai embora.

Participante: como posso, então, ajudar os outros no momento de suas dores?

Primeiro: respeitando o mal que ele está passando. Não querendo menosprezar o que ele está sentindo.

Segundo: ajuda-lo a vencer o mal que está vivendo. Só um detalhe: isso só pode ser feito depois que não estiver mais vivendo o mal.

Lembre-se do que já disse: no momento que a pessoa está passando por uma situação de sofrimento ela não consegue sair daquele estado de espírito. É preciso que este momento acabe para que posteriormente possa se analisar o sofrimento e com isso eliminar as causas dele.

Antes de questionar o que acabei de falar, pense nas suas próprias experiências. Se você está sofrendo e vem alguém que menospreza o seu estado de espírito ou quer lhe ensinar o que precisa fazer para deixar de sofrer, como reage? Com mais sofrimento, não?

Pois é, você não aceita escutar quando os outros veem lhe ajudar, mas quer que eles escutem quando você quer ajuda-los. Isso para mim tem outro nome: egoísmo ...

Tem mais um detalhe dentro da ajuda ao próximo: você tem todo o direito de ajudar, mas o outro tem o direito de não seguir o que você acha que ele precisa fazer. Digo isso porque para o ser humanizado se ele der um conselho ao próximo e esse não segui-lo, coitado dele ...

Participante: que direito nós temos?

O direito de dar o direito ao outro de ser diferente.

Aprenda a viver dando ao outro o direito de querer coisas diferentes, de ser diferente, de fazer algo que você não faria.

Participante: a maior parte dos pensamentos, apesar de dizerem que querem ajudar o próximo, não possuem realmente essa intenção.

Isso. O que eles querem, na verdade, é criar os instrumentos para dominar os outros. Querem criar uma forma de submeter o outro ao que você quer, fazê-lo igual a você. Isso é uma afronta direta à diferença entre vocês.

Participante: posso ter pensamentos mais universais?

Não. Você pode libertar-se dos pensamentos que lhe veem à cabeça, dizer que não acredita neles. Agora, criar pensamentos, isso não pode.

Quando ele disser que o próximo está sofrendo por uma dor inexpressiva, pode combate-lo dizendo que a dor pode ser vagabunda, mas para quem está sentindo é importante. Isso pode fazer, mas deixar de achar a dor dele de pouco valor, isso não pode.