Evangelhos canònicos - Textos

A cura

- Quem foi que tocou a minha roupa?

...

- Minha filha, você sarou porque teve fé. Vá em paz; você está curada.

Essa citação bíblica fala de uma mulher que se curou de uma longa doença (doze anos). O Mestre afirma que ela foi curada não por ele, mas pela sua própria fé. Como vimos no tema cura, esse é o fator preponderante para ser curado.

Entretanto, neste trecho existe um detalhe importante de analisarmos: Cristo não pratica ato algum para que aconteça a cura. A mulher apenas toca na barra da sua roupa e está curada. Na verdade, o mestre nem sabe quem tocou na sua roupa: apenas pressente que houve uma cura.

Fica, portanto, o ensinamento: não existe necessidade de fatores externos para que a cura seja alcançada, mas apenas a mudança dos sentimentos internos para a confiança em Deus.

Não existe a necessidade de médicos, médiuns, padres, pastores ou qualquer outro tipo de intermediário entre o ser humano doente e Deus para que a cura seja alcançada. Esse processo se dá dentro do interior de cada um com a promoção da reforma dos sentimentos e com a confiança que Deus dará a cura.

Para se curar de um mal não existe necessidade de novena, rezar terço, penitência, energização ou qualquer outra atitude externa. Ela é alcançada quando o espírito pratica a lei de Deus: amar a Deus, a si e aos outros. Este amor é o remédio eficaz para qualquer doença. Para que isto se concretize, existe a necessidade da confiança e entrega total a Deus como Causa Primária das Coisas.

O ser humano pode, pelo seu grau de evolução, necessitar de médiuns, de imagens ou objetos para curar-se, mas para que se reforme totalmente, é preciso não creditar a esses instrumentos a sua cura. Participar do universo é compreender que estes elementos são apenas instrumentos da ação de Deus. Acreditando nas coisas materiais estará entregando a eles a causa primária e, portanto, colocando-as no lugar de Deus.

As coisas materiais servem de canalização das ordenações divinas para que o espírito possa escolher entre amar a Deus ou aos “instrumentos”. Na verdade, a utilização de coisas materiais nos processo de curas torna-se mais uma prova para o espírito: encontrar Deus como Causa do instrumento material da cura.

Utilizando-se este mesmo raciocínio para o remédio, que é uma forma material igual à estátua ou ao terço, a sua ingestão deve ser feita não esperando que ele faça o efeito, mas acreditando que Deus agirá por ele para promover a cura. As formas materiais são percepções para que o espírito possa praticar a sua fé.

 Por analogia, podemos dizer também que não são os locais que podem promover a cura. Não existe necessidade de se freqüentar centros, igrejas, templos para se alcançar à cura: em qualquer lugar o espírito pode curar-se, desde que promova a sua reforma íntima com fé em Deus.

Desta forma, as promessas, novenas, lugares santos, águas milagrosas sozinhas de nada fazem efeito sem a reforma e a fé, assim como o remédio, a operação ou os exames. Tudo isto e mais os médicos, os médiuns, os padres, os pastores envolvidos são apenas instrumentos que Deus utiliza para dar a quem “merece” o seu merecimento.

Com estes ensinamentos podemos então concluir que o espírito na carne pode receber uma cura de mal físico, sem precisar ser religioso ou freqüentar algum local de culto: para tanto basta viver com felicidade, na satisfação ou insatisfação, promover a felicidade de seus irmãos através da aceitação das pessoas como são, criando, assim, uma igualdade entre todos.

Todas as pessoas que foram curadas pelo Mestre sempre receberam a informação de que isto aconteceu por causa de sua fé e não pela interseção dele. Mesmo que Jesus não houvesse vindo á matéria densa, elas seriam curadas, pois tinham o merecimento. O Mestre serviu apenas de canalizador do desejo de Deus face ao merecimento individual.