A vida não existe só pra satisfazer. Se aborrecer, também faz parte. Em uma discussão também está a vida manifestada. Na hora do aperto, é vida pulsando. É ela que pensa coisas do tipo: Ah, mas eu não queria! Isso é um absurdo! Vai pra longe de mim azar! Me deixa em paz! É ela que se pergunta porque essa coisa toda foi acontecer, e é ela que afirma que não deveria ser assim. Depois é ela que procura sair dessa, buscando paz nos intervalos das vicissitudes. Ela é o observador, observando a observação. Mas quem nós somos de verdade, a vida não consegue explicar, ela nem faz ideia, o que ela consegue, é compreender que por trás de tanta grandiosidade, existe algo maior, que se expande para além desses horizontes, e esse é o verdadeiro sentimento que a vida pode expressar.
PERMITA-SE ÀS INCERTEZAS DA VIDA
A consciência é que permite a eternização da dúvida, pois o ser humanizado consciente sempre observa a vida de fora e aceita tudo que vem dela sem nela intervir. Interfere na vida quem se sente incomodado por ela e quer viver o tempo todo controlando tudo, para ter sempre a sensação de que está entendendo tudo e de que é dono da situação. Pura ilusão. Quando o ser humanizado inconsciente acha que sua vida está errada, ele fica desarmonizado, questionando tudo e constantemente tentando "consertá-la". Assim sente o seu íntimo sempre abarrotado de conceitos e opiniões formadas que são as pontes que dão acesso à identificação com a vida, não a deixando fluir livremente. O ser humanizado sem a consciência vive sempre querendo suprimir as dúvidas, porque não consegue confiar e nem conviver com elas, pois nunca se permite às incertezas da vida. Somente o ser que tem a consciência consegue aceitar e amar de verdade à vida e ao próximo. Qualquer pessoa pode desenvolver a sua consciência e adquirir a capacidade de amar independente de credos, estudos ou tendências afinal somos todos um. Ao ser humanizado, sem consciência, só resta a alternativa de viver com a ilusão da separação.
A certeza é a razão, a convicção, é a "zona de conforto". É preferível então se aventurar em procura da liberdade. Ser livre é não se apegar a nenhuma certeza, é duvidar de tudo e sair dessa zona de conforto para encontrar a Felicidade plena e contínua. A felicidade da certeza só dura até você ser discordado, por que você vai abrir mão dela em troca da razão.
Os nossos orgãos de percepção externa são na verdade órgãos de projeção. Os estímulos elétro-bioquímicos visuais, auditivos, táteis, gustativos, olfatórios, à exemplo dos pensamentos, vêm de fora e são "metabolizados" pelo ego antes de serem projetados para a produção da vida de acordo com o que nós imaginamos ser. Dessa forma são produzidos elementos sensitivos ilusórios tais como imagens, sons, odores, sensaçõs táteis, paladares, além de sentimentos diversos e peculiares para cada indivíduo. Ao sermos o Agora, desconsideramos os elementos sensitivos e pensamentos ilusórios incompatíveis com a Realidade, não mudando a projeção da Vida Real. Dessa forma conseguimos projetar um retrato fiel sobre o que nos é apresentado por Deus. Por isso devemos aceitar a vida como ela é, e não projetar uma vida fora da Realidade.
A palavra é elemento importante na comunicação, usamos a palavra e dela retiramos o sentido que está em nossa memória.
Mas é essencial percebermos a diferença entra a palavra e a coisa em si.
Usemos como exemplo a palavra sofrimento.
Nos lembramos de alguns dos nossos sofrimentos, e quando lemos e ouvimos a respeito do sofrimento e como "escapar" dele logo o identificamos com o que está armazenado em nossas memórias e tornamo-nos sábios sobre sofrer, mas quando o sofrimento nos aflige no agora não percebemos ou não sabemos como lidar.
Nos tornamos experts nisto e em outros assuntos que tratam da felicidade mas quando precisamos identificar e colocar em prática no nosso dia a dia ficamos completamente perdidos, mas somos capazes de ensinar e expor nosso conhecimento com perfeição.
Na teoria a prática é outra.
É preciso conhecer o sofrimento, a alegria, a tristeza, a felicidade no momento em que estão presentes. E conhecer não é nomear, adjetivar, armazenar, explicar, nada disto, conhecer é vivenciar aquilo pura e simplesmente.
Note a diferença entre conhecer e reconhecer, reconhecer é trazer da memória, e quando isto acontece estamos lidando com o passado, com a palavra, mas a palavra não é a coisa, a palavra é morta, logo, de nada adianta.
Experimente a vida consciente da diferença de o que acontece com o que pensamos sobre o que acontece, o que pensamos é a palavra armazenada, ela ajuda na comunicação mas não em lidar com o que está presente. Já reparou que frequentemente não vivemos o presente e sim nossas ideias sobre o presente?
É preciso conscientizar-se do sofrimento, e para isto é preciso vive-lo no momento em que ele se apresente sem escapar para o passado utilizando-se da palavra que o representa ou projetar um futuro sem sofrimento servindo-se novamente da palavra.
Porém, não diga a si mesmo que irá aguardar o próximo momento em que sofrer para conscientizar-se, porque a palavra virá junto e é possível que troque novamente o presente pela palavra.
Conscientize-se da vida agora, o que acontece agora, como reage agora, esteja alerta constantemente e quando o sofrimento vier experimente-o, sim, experimente, se fugir ou negar ou mesmo se quiser resolver novamente perdeu a oportunidade, aproveite cada oportunidade para experimentar a vida com tudo o que ela carrega, se a palavra vier junto, note a diferença entra a coisa viva e a coisa morta.
Viver a morte é loucura, então viva a vida, viva o presente como ele se apresenta, e não viva a morte de uma ideia a respeito da vida, o que no final das contas são meramente palavras.
A ILUSÃO SISTEMA HUMANO DE VIDA
A ILUSÃO
Não há aonde ir, nem menos o que buscar. O caminho é uma ilusão projetada a partir do ser. Não há alguém a ser salvo, não existe a salvação. O fim da ideia de querer se libertar é o próprio estado de libertação sem que aja alguém aí.
Não existe ninguém preso, a não ser a própria ideia de estar aprisionado. Não há prisão. O sistema humano de vida nos induz a acreditar nisso quando, como existência real, é projetado a partir do consenso entre o ser e a mente, criando a vida e a personalidade.
Uma vez estabelecido esse acordo dentro do espaço tempo, cabe ao próprio ser despertar da inconsciência via sofrimento auto-imposto, ou de forma diversa, sempre que possível não se permitir entrar nele, rejeitando qualquer argumento da mente. Aí, não haverá espaço, nem tempo e nem alguém que sofre.
O silêncio é contemporizador, pois coloca tudo no tempo de Deus, ou seja, ajuda a esperar as vicissitudes da vida se resolverem por sí sós, sem que ocorra intercessão pessoal na sua resolução. O que poucos sabem é que por trás disso há um componente espiritualista fundamental: para que o silêncio real ocorra, é necessário que se diga, a cada segundo, um não sei a qualquer propositura do ego.
Se Deus é a causa primária de todas as coisas e tem um plano de vida para cada um de nós, de acordo com o nosso merecimento na Obra Geral do Universo, então só, e somente só o silêncio espiritual é capaz de retardar o nosso tempo e esperar o tempo de Deus acontecer. A vida é sagrada, portanto não deve ser tocada e a única maneira de manter a vida imaculada, é utilizando o silêncio espiritual.
Qualquer outra forma de se conseguir o silêncio real e verdadeiro torna-se ilusória e irreal porque se originará condicionada e intencionalmente. Pode-se concluir que podemos perfeitamente experenciar a divulgação de conhecimentos espiritualistas, assim como tudo na vida, porém abrindo mão sempre de qualquer expectativa sobretudo do querer á exemplo de fama, elogio, etc. Em suma, permita-se a tudo sempre, mas nunca caia na propositura do ego.