Aquele que vem do céu é o maior de todos e quem vem da
Terra é da Terra e fala das coisas terrenas. Quem vem do céu está acima de
todos.
O ser humano necessita para compreensão da existência
carnal, alterar a sua auto visão. Hoje se imagina um corpo físico que nasce da
união carnal entre dois seres. Este corpo que se forma e aparece (nasce)
desenvolver-se-á e, um dia, irá parar de funcionar (morte).
Para aqueles que não acreditam em Deus, neste momento,
chegará o fim total; para os outros, haverá um fim desta forma de existência
(material) para o início de outra. a espiritual. Em qualquer das crenças, o ser
humano imagina que ocorrem duas existências separadas: material e espiritual.
Esta é a compreensão até daqueles que acreditam na reencarnação, pois não
conseguem “ver” nos acontecimentos desta “vida” o reflexo dos atos de outras.
É por esta auto visão que os seres humanos buscam apenas a
satisfação material, ou seja, construir a sua “vida” de tal forma que ela
produza “frutos” materiais. Estes “frutos” nem sempre se referem a objetos, mas
sempre terão que produzir uma satisfação pessoal, ou seja, trazer uma felicidade
individual, independente da felicidade dos outros.
Quando o ser humano compreender que ele não “nasce” nem
“morre” junto com a matéria carnal, poderá, então, encontrar Deus, ou seja,
participar da felicidade universal e não buscar a satisfação pessoal.
O espírito é eterno: existia antes do “nascimento” e
continuará existindo após a “morte”. A vida carnal é apenas um lapso da vida
espiritual. A matéria carnal é um “traje” que o espírito “veste” para uma
determinada tarefa específica. Durante a existência carnal o espírito
continuará a ser o mesmo de antes e depois da encarnação. Terá as mesmas
capacidades e a mesma “essência” que fora da carne.
Quando o ser humano se conscientizar desta verdade buscará
participar da felicidade universal e não mais satisfazer suas próprias
“vontades”. Neste momento ele será superior, não porque é melhor, mas porque
estará “mais perto” de Deus.
Ele fala daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita a
sua mensagem.
O objetivo de uma encarnação (trabalho do espírito na carne)
é purificar os sentimentos que possui, ou seja, alterar o individualismo
(negativo) para universalismo (positivo). Isto ele consegue nutrindo apenas o
amor universal frente aos acontecimentos da vida. Podemos, então, chamar a vida
carnal de uma “prova” para o espírito.
Cada um possui determinados sentimentos que precisa alterar
e, por este motivo, possui provas específicas para estes sentimentos. Os
acontecimentos da vida de um espírito na carne são individualizados de acordo
com os sentimentos que ele precisa alterar. Foi isso que Cristo ensinou quando
disse que cada um tem a sua própria cruz para carregar.
O espírito fora da carne é cônscio daquilo que precisa
reformar. Por esta “consciência” ele participa da elaboração do seu “Livro da
Vida”, ou seja, determina os acontecimentos da sua próxima vida carnal. Pede e
programa os acontecimentos com a intenção de suportá-los com o amor universal e
assim purificar-se.
As situações da vida são, portanto, provas pedidas pelo
próprio espírito e não apenas determinados por Deus. Ao vencê-las, o espírito
participará da felicidade universal. Esta felicidade é alcançada quando o todo
espiritual fica feliz. Um espírito que consiga purificar-se traz a felicidade
coletiva à espiritualidade, pois este é o objetivo da existência espiritual.
Quando o espírito encarnado busca as realizações materiais está causando
“sofrimento” ao todo espiritual, pois deu vazão a sentimentos negativos.
A fome é uma situação de vida material, ou seja, uma prova
pedida pelo espírito durante a sua existência carnal. Passar por ela sem
“ranger de dentes” ou murmúrios contra Deus (reclamações) é reagir a este
acontecimento com amor: alegria, compaixão e igualdade. Reagir à fome com estes
sentimentos é falar do que “viu” e “ouviu” antes de encarnar, ou seja, mostrar
que conhece o sentido da sua vida.
Quem aceita a sua mensagem dá prova de que Deus é
verdadeiro.
Quando o espírito encarna existe um “artifício” que o impede
de utilizar a sua memória espiritual, ou seja, de lembrar-se do objetivo de sua
vida. Isto ocorre para que ele utilize a “fé”.
Ter fé é acreditar completamente em algo e a partir desta
crença alcançar uma confiança absoluta e irrestrita na ação do objeto da sua
fé. Ter fé em Deus é acreditar e confiar na ação dos Seus atributos (Causa
Primária, Inteligência Suprema, Justiça Perfeita e Amor Sublime). Viver com fé
é dar um testemunho autêntico desses atributos.
Para que o espírito consiga reagir aos acontecimentos com o
amor universal é preciso que ele acredite nos atributos de Deus e confie na
ação deles na sua vida carnal.
Para se viver com alegria independente do acontecimento, é
preciso compreender a ação de Deus. É necessário que se veja o comando de Deus
na forma de todos eles (perfeição) objetivando a Justiça Perfeita (dar o que
merece) e o Amor Sublime (não como pena, mas como ensinamento para evolução).
A compaixão pelos outros só será alcançada quando o espírito
não mais “sentir” sofrimentos, ou seja, não se sentir ferido ou magoado pelos
outros. Enquanto reagir com estes sentimentos terá que se “defender” agredindo.
A compaixão só será alcançada quando o espírito entender que ninguém pratica
algo contra ele, mas Deus utiliza os outros como “mensageiros” de ensinamentos
que objetivam o crescimento espiritual deste.
É na fé na ação de Deus que o espírito pode encontrar a
igualdade: dar a cada um o que merece. Não existe ninguém que tenha uma vida
completa de satisfações pessoais: sempre haverá situações de sofrimento. Na
consciência da distribuição igualitária das provas o espírito pode ver que a cada
um é dado de acordo com suas obras. Portanto, quando chega o seu momento de
passar por situações de sofrimento não há uma injustiça, mas uma igualdade.
Aquele que se vê como espírito e busca a elevação espiritual
compreende a ação de Deus sobre as coisas e acaba com o seu “entendimento”
sobre elas. Poderá, então, viver com o amor universal, exemplificando o
significado da “vida material” para os outros espíritos.
Tendo apenas fé (crença e confiança) na vida material, no
que “compreende” das coisas, o espírito continuará sendo um ser humano e
continuará a viver para a sua satisfação pessoal.
Aquele que Deus enviou diz as palavras de Deus porque
Deus dá do seu Espírito sem medida.
É pela fé na “ação” de Deus sobre as coisas da vida que o
espírito pode alcançar o amor universal. A reforma íntima, tão comentada como
necessária para a evolução espiritual, é “alterar a essência dos
acontecimentos”: ao invés do espírito entende-los como “erro”, “injustiça”
e “sofrimento”, enxergar a ação dos atributos de Deus.
É preciso que o espírito busque a “cegueira”, ou seja, não
“veja” mais as coisas para que viva com o amor universal. No entanto, esta
“cegueira” não será dada como dádiva por Deus, mas precisa ser alcançada pelo
esforço individual do espírito. Por isto Jesus nos ensinou que devemos vigiar
sempre nossas atitudes? Mas, de onde vêm os atos? O que é que cada um “vê”?
“Ver” alguma coisa é perceber formas e analisa-las com os
conceitos que o espírito possui. Sempre que uma forma é percebida, o espírito
promove um raciocínio, ou seja, analisa a percepção (pensamento). Esta análise
é influenciada pelos conceitos existentes.
Existem dois tipos de “pensamento”: espiritual e material. O
primeiro, que acontece no que é conhecido como “inconsciente”, o espírito
“escolhe” (livre arbítrio) um sentimento para reagir ao percebido. No segundo
(material), este sentimento se “materializa” em histórias (pensamento) que servirão
como “argumentos” materiais para o ato.
Exemplificando. Quando um espírito percebe uma outra pessoa ele
busca os sentimentos conceituais sobre ela: gosto ou não, ela é agressiva ou
não, é “amiga” ou não. A partir destes sentimentos ele “verá” todos os atos já
praticados por aquela pessoa que ele tenha conhecimento (“viu” ou “soube”).
Sempre que uma percepção é recebida o espírito pratica o raciocínio espiritual
e recebe o raciocínio material.
O Espiritualismo Ecumênico Universal vem ensinando que o
raciocínio material (pensamento) é intuído pelos espíritos fora da carne por
ordem de Deus. Eles não foram desenvolvidos pelo próprio espírito, mas
“recebidos” pela intuição. No entanto o raciocínio material sempre refletirá o
sentimento escolhido pelo próprio espírito.
Se a escolha do sentimento antecede o pensamento, o ato não
é gerado realmente pelo pensamento material, mas sim pelo sentimento que o
espírito escolhe e que serve de base para a “história” que Deus manda
transmitir.
Para a promoção da reforma íntima, devem ser alterados os
sentimentos que se nutrem pelas pessoas, objetos e situações. É esta alteração
que levará a Deus a transmitir “histórias” diferentes. A vigilância pedida por
Jesus para que aconteça a reforma íntima deve, portanto, ser nos sentimentos
que um espírito “escolhe” para reagir aos acontecimentos da vida.
No entanto, o espírito não “conhece” os sentimentos e altera
a essência deles para que haja uma satisfação pessoal e não a felicidade
universal. Um filho diz que ama a mãe, mas isto é impossível. O verdadeiro amor
prega a igualdade entre todos e o filho sempre considera seus “pais” superiores
aos outros seres humanos. O amigo diz que “chama atenção” de outro para o
próprio bem deste. Na verdade “esquece” que utiliza os seus próprios “valores”
(conceitos) para determinar o que é “certo”. Ter a compaixão (ser amigo) é dar
a cada um a liberdade de se “achar” certo.
Os sentimentos positivos do universo levam o espírito a
viver no reino de Deus, ou seja, alcançar a felicidade universal e a igualdade
plena, que não permitem a existência da satisfação pessoal (sofrimento).
Como então promover a reforma íntima, se o espírito não
“sabe” como vigiar seus sentimentos? Vigiando os pensamentos. Se o raciocínio
material (pensamento) é apenas uma materialização do sentimento e este o
espírito “compreende”, aí está o campo para a mudança. Ela deverá, então, ser
feita questionando o seu raciocínio: se ele está de acordo com os ensinamentos
passados pelos Mestres.