DEUS CRIA O ATO MAS O SOFRIMENTO É OPCIONAL
Deus é responsável pela criação do ato, mas nada tem a ver com o nosso sofrimento. Existe o ato porque merecemos, já que sempre há um tempo para a Justiça Divina, mas o sofrimento pode sempre ser abolido quando aprendemos a amar a Deus dentro desse ato, aceitando a vida como ela é. O grande equívoco da humanidade é achar que Deus não pode criar (e onde estaria a sua Onipotência?) coisas "ruins" como fome, miséria, doença, desastre, guerra, pessoas deficientes, estupro, etc. Ora, essas coisas são criadas justamente para o benefício dos envolvidos, com o objetivo de trazê-las como mais uma oportunidade para amar a Deus, ou seja, entender que esses atos existem como prova de Amor de Deus para conosco na Obra Geral e, por isso devemos retribuir esse Amor a Ele aceitando-os. Esses atos acontecem na nossa vida justamente para que não nos contrariemos com eles e pensemos sempre na eternidade e não só na efemeridade dessa vida. Resumindo podemos dizer que tudo nos é permitido mas nunca podemos esquecer que teremos sempre nos observando um Ser Onipresente, o arquiteto do Universo, sempre disposto a reconstruir a nossa vida com coisas consideradas pelo ser humano como coisas "boas" ou "ruins" de acordo com o nosso merecimento, pois Ele tudo sabe, já que é Onisciente. Tudo gira entre nós e Ele. Aceitação é o caminho.
Então já descobrimos o nosso carma da não aceitação. Diante de um carma, a última coisa a fazer é fugir dele. Pelo contrário, devemos encará-lo e enfrentá-lo, espantando o medo. O segundo passo é curtimos esse carma, no caso a não aceitação. Curtindo ele, estaremos estudando-o e amando-o, porque passaremos a entender que esse carma é obra de Deus colocada em nossa vida em nosso benefício do ponto de vista da eternidade. O terceiro passo é o mais importante: não nos culpemos quando estivermos mais uma vez diante da não aceitação. Esse é o momento em que sobrevém o sofrimento. Só conseguiremos nos livrar desse sofrimento se conseguirmos amar o nosso carma, ou seja entender que ele foi elaborado pela vontade de Deus a nosso pedido e em nosso benefício, como mais uma oportunidade de nos livrarmos dele. Para conseguirmos isso é preciso que nos permitamos interior e totalmente, para que possamos permitir ao outro que encene as provas para a nossa aceitação: através do amor, sobrevindo a bem aventurança; ou não, através da revolta, sobrevindo o sofrimento.
A palavra é elemento importante na comunicação, usamos a palavra e dela retiramos o sentido que está em nossa memória.
Mas é essencial percebermos a diferença entra a palavra e a coisa em si.
Usemos como exemplo a palavra sofrimento.
Nos lembramos de alguns dos nossos sofrimentos, e quando lemos e ouvimos a respeito do sofrimento e como "escapar" dele logo o identificamos com o que está armazenado em nossas memórias e tornamo-nos sábios sobre sofrer, mas quando o sofrimento nos aflige no agora não percebemos ou não sabemos como lidar.
Nos tornamos experts nisto e em outros assuntos que tratam da felicidade mas quando precisamos identificar e colocar em prática no nosso dia a dia ficamos completamente perdidos, mas somos capazes de ensinar e expor nosso conhecimento com perfeição.
Na teoria a prática é outra.
É preciso conhecer o sofrimento, a alegria, a tristeza, a felicidade no momento em que estão presentes. E conhecer não é nomear, adjetivar, armazenar, explicar, nada disto, conhecer é vivenciar aquilo pura e simplesmente.
Note a diferença entre conhecer e reconhecer, reconhecer é trazer da memória, e quando isto acontece estamos lidando com o passado, com a palavra, mas a palavra não é a coisa, a palavra é morta, logo, de nada adianta.
Experimente a vida consciente da diferença de o que acontece com o que pensamos sobre o que acontece, o que pensamos é a palavra armazenada, ela ajuda na comunicação mas não em lidar com o que está presente. Já reparou que frequentemente não vivemos o presente e sim nossas ideias sobre o presente?
É preciso conscientizar-se do sofrimento, e para isto é preciso vive-lo no momento em que ele se apresente sem escapar para o passado utilizando-se da palavra que o representa ou projetar um futuro sem sofrimento servindo-se novamente da palavra.
Porém, não diga a si mesmo que irá aguardar o próximo momento em que sofrer para conscientizar-se, porque a palavra virá junto e é possível que troque novamente o presente pela palavra.
Conscientize-se da vida agora, o que acontece agora, como reage agora, esteja alerta constantemente e quando o sofrimento vier experimente-o, sim, experimente, se fugir ou negar ou mesmo se quiser resolver novamente perdeu a oportunidade, aproveite cada oportunidade para experimentar a vida com tudo o que ela carrega, se a palavra vier junto, note a diferença entra a coisa viva e a coisa morta.
Viver a morte é loucura, então viva a vida, viva o presente como ele se apresenta, e não viva a morte de uma ideia a respeito da vida, o que no final das contas são meramente palavras.
Por que sofremos?
Das duas uma, ou não há escolha ou há escolha.
Parece óbvio que existe a possibilidade de escolha, mas apenas parece.
Desde sempre viemos sofrendo quando o mundo exigia isto de nós.
Tiramos alguma vantagem disto, é verdade, ganhamos a atenção dos outros e a sua piedade, ou de nós mesmo, auto-piedade.
Mas esta não é uma troca justa, nenhum prazer anula ou supera o sofrimento, pelo contrário, gera mais sofrimento.
E sempre nos dizem que devemos não sofrer, e lá vamos nós tentando não sofrer já estando em sofrimento.
Mas se é óbvio que há escolha por que sempre escolhemos sofrer?
Da próxima vez faça diferente, coloque a possibilidade de escolha em prova utilizando a si mesmo como campo.
Não tente não sofrer, ao invés disto investigue a possibilidade de escolha.
Como investigamos a possibilidade de escolha? Escolhendo.
Mas caso sempre escolha o sofrimento isto não prova que existe a possibilidade de escolha.
Ao menos uma vez confirme a si mesmo que é possível escolher o não sofrer, o mundo não lhe mostra esta possibilidade, descubra por si mesmo.
Mas não é apenas dizer que existe esta possibilidade, é experimentar esta possibilidade.
E, caso descubra que sim, existe a possibilidade de escolha, a própria descoberta lhe trará algo novo.
Este algo será a confirmação de que existe a possibilidade de escolha sendo o resultado da escolha.
Descubra por si mesmo.
QUE MUNDO É ESSE?
Por uma necessidade de auto consciência a mente cria um mundo no qual nos vemos de forma bastante real dentro dele e o que mantém essa ilusória manifestação é essa mesma crença em sua realidade. Existimos nesse mundo não com o propósito de mantê-lo, mas de perceber sua irrealidade. Diante da dor o ser humano só encontra uma alternativa, fugir, encontrar uma maneira de acabar com o sofrimento e faz isso porque toma esse mundo como real.
Toda essa irrealidade, dor, sofrimento deixarão de existir não a partir do momento em que eu não sentir dor, mas à medida em que questiono, “quem sofre”, quem vai imergir e viver os pensamentos ou observá-los. A crença no eu como sendo real, personificado é quem cria esse mundo ilusório e aí a dor dói e o sofrimento machuca. Quem sou, eis a única questão.
Sendo o agora, livre do passado e futuro, deve-se aguçar a consciência para perceber o ego o quanto antes, minimizando a agregação dos pensamentos que gerarão idéias, que por sua vez poderão gerar conflitos, emoções e sofrimento. Faça-se isso da mesma forma como ocorre num vazamento de gás silencioso e traiçoeiro: quanto mais rápido o percebemos, mais cedo evitamos sua inalação e os efeitos nocivos á saúde.
Gileno de Sá Cardoso